Giriraja-Govardhana
Aparecimento de Govardhana e o nome de “Giriraja”
O aparecimento de Sri Govardhana nesse mundo e como Ele adquiriu o nome de "Giriraja" é descrito no Garga-samhita (Vrindavana-khanda, capítulo 2) de Sri Gargacarya na conversa entre Nanda Maharaja e o seu conselheiro senior, o gopa Sananda. Sananda falou a Nanda Maharaj citando como referencia a conversa entre Pandu e Bhisma.
Desejando aparecer nesse mundo para aliviar do fardo da terra dos pecados cometidos pelos demoníacos, Sri Krishna indicou a Radhika que aparecesse nesse mundo. Entretanto, Radharani expressou Sua falta de vontade de ir a um lugar onde Vrindavana, Yamuna e Sri Govardhana não estivesse presentes. Sri Krishna então enviou Seu próprio reino transcendental espiritual de Vraja-dhama, uma área de 84 krosha ou 252 kilometros (1 krosha é igual a 3 kilometros), para descender na Índia, nesse mundo. Vraja-dhama não é parte do mundo material consistindo de terra, água, fogo, ar e éter. Govardhana apareceu como o filho da montanha Drona na Ilha Shalmali na Índia ocidental. Todos os semideuses estavam extremamente felizes com o aparecimento de Govardhana e derramaram flores.
Todas as grandes montanhas como os Himalayas e o Sumeru ficaram felizes ao ouvir do aparecimento de Govardhana e Lhe adoraram. Em suas orações elas disseram, "Uma vez que Govardhana é o local sagrado dos passatempos do Senhor Supremo Sri Krishna no doce reino transcendental de Goloka, ele é o rei de todas as montanhas e a coroa de Goloka. Ele é como um guarda-chuva para Parabrahman Sri Krishna e Vrindavana está dentro da sua cobertura." Desde então, Govardhana ficou conhecida como "Giriraja".
Pulastya Muni é um dos filhos de Brahma nascidos da mente, conhecidos como Manasa-Putra. Uma certa vez, Pulastya Muni estava viajando em peregrinação e veio a Ilha Shalmali. Lá, ele ficou maravilhado e espantado ao ver a beleza extraordinária da montanha Govardhana, adornada com uma variedade de frutas e árvore de flores, lugares agradáveis para sentar, mananciais, rabanetes, grama macia, etc. Quando Pulastya Muni se aproximou de Dronacala, ele foi adorado por Dronacala. Pulastya Muni disse a Drona. "Eu vivo em Kashi que tem uma importância especial devido a presença do Ganges e Visheshvara Mahadeva. Os pecadores vão lá para obter a salvação, mas meu desejo é executar austeridades aqui depois de instalar Govardhana".
Apesar de estar extremamente preocupado devido a sua afeição para com a criança, Dronacala estava temeroso de ser amaldiçoado por Pulastya Muni e indicou a criança para ir para terra santa de Bharata (Índia) com o Muni. Inicialmente, Govardhana era 64 milhas de comprimento, 40 milhas de largura e 16 milhas de altura [O comprimento atual de Govardhana é aproximadamente 7 milhas]. Surgiu então a questão de como Pulastya Muni ia carregar a grande montanha Govardhana. Pulastya Muni disse que ele podia carregar facilmente a montanha na palma de sua mão. Govardhana concordou em ir com o Muni na condição que se ele colocasse ele em qualquer lugar no chão enquanto estivessem indo, Govardhana iria ficar lá devido ao seu grande peso e não iria se mover. Pulastya Muni aceitou a condição e prometeu carregar a montanha para o destino sem a colocar na terra. O Muni começou a se mover lentamente para seu destino enquanto carregava Govardhana na palma de sua mão direita. Mas quando o Muni chegou em Vraja-dhama, Govardhana viu o Yamuna e Vrindavana e se lembrou dos doces passatempos de Krishna. Ele queria permanecer ali e então se tornou muito pesado. O Muni ficou muito angustiado e esquecendo de sua promessa, pôs a montanha na terra. Depois de terminar sua evacuação diária, banho e sandhya-puja (recitação silenciosa de orações), Pulastya Muni retornou ao local e pediu a Govardhana para sentar na palma de sua mão. Entretanto, Govardhana expressou Sua relutância em se mover. Pulastya Muni tentou ao máximo levantar a montanha, mas era impossível move-La. Ele ficou furioso e amaldiçoou Govardhana que Ela iria diminuir em tamanho todos os dias na medida de um grão de semente de gergelim.
A Govardhana atual diminuída é por volta de 7 milhas de comprimento. Pelo tempo que Govardhana existir, a era negra atual de Kali-yuga não será capaz de mostrar seu poder proeminente. Mas depois de milhares de anos, quando Govardhana e o Yamuna tiverem desaparecido, Kali Maharaj irá estar muito forte e todos os seres humanos serão oprimidos e torturados ao extremo. A condição dos seres humanos será precária.
Pulastya Muni carregando Govardhana |
O próprio Senhor Supremo Original Sri Krishna revelou os aspectos ontológicos e as glórias de Sri Govardhana. Foi especialmente narrado na civilização e na história mais antiga da Índia mencionada no Rig Veda que Indra, a deidade que preside as nuvens, era adorado na Terra para que as plantações pudessem crescer e serem reanimadas pela chuva. Nós ouvimos do Srimad-Bhagavatam que de acordo com a tradição humana e o costume, a adoração anual de Indra era introduzida em Vraja-dhama para que pudesse haver cultivo da terra e proteção das vacas. Esse era o único meio de se manterem para os residentes de Vraja-dhama.
Sri Krishna viu que Seu pai Nanda Maharaja e outros vaqueiros tinham coletado muitos itens para o Indrayag (cerimonia de oferenda em adoração a Indra). Sri Krishna pediu a Seu pai sobre a utilidade de executar tal função. Nanda Maharaja disse que se Indra, a deidade que preside as nuvens fosse propiciado, haveria uma chuva no tempo apropriado. Portanto, plantações de arroz e capim cresceriam e aquilo ia ser de ajuda para a subsistência das vacas. Nanda Maharaja novamente disse, "Se nós negligenciarmos em executar nossos deveres e costumes hereditários, nós nunca iremos obter um bem estar eterno." Depois de ouvir isso do Seu pai e outro vaqueiros, afim de enfurecer Indra, Sri Krishna fez os Vrajavasis (residentes de Vraja) entenderem a futilidade da adoração a Indra e lhes convenceram da eficacia de adorar Govardhana. "Indra é um semideus sem qualquer posse dos frutos das ações. Ele não pode conceder um fruto ruim para uma boa ação e bom fruto para uma ação ruim. Nascimento e morte, felicidade e aflição são devido as ações das almas individuais. Mesmo ações mundanas são a causa da inimizade, amizade e indiferença. Indra não pode desfazer os frutos das ações. Apesar do cultivo, comércio, proteção as vacas e empréstimo de dinheiro são os meios de vida dos vaishyas (a classe comerciante da sociedade), os Vrajavasis somente aceitaram a proteção as vacas como seu meio principal de substância. Os residentes de Vrajadhama vivem nas florestas e montanhas; portanto, cidades, habitações humanas lotadas e casas não eram boas para eles. Portanto, eles deviam começar uma oferenda para a adoração de vacas, brahmanas e montanhas. Tal como uma moça incasta que deixa seu marido não pode obter um bem estar por servir outra pessoas, de maneira similar, os Vrajavasis não podem obter seu bem estar real ao servir outros. deixando o serviço de Giriraja Govardhana, que é nosso verdadeiro abrigo."
Krishna aconselhou os vaqueiros de Vraja-dhama a adorarem Giriraj Govardhana com todos os itens coletados para o Indrayag. Ele também lhes aconselhou a trazerem leite, iogurte e outros produtos lácteos para cozinhar diferentes preparações de alimentos, como: Payasa (preparação de leite, arroz e açucar). Mudgasupa (sopa preparada com um tipo de ervilha), Pistaka e Shaskuli (preparações doces feitas de arroz, coco, açúcar e leite). Krishna também lhes indicou o método de adoração de Giriraj Govardhana: " Deve-se realizar pela cerimonia de doação as vacas e Giriraj-Govardhana, oferecendo honras aos brahmanas védicos que irão executar as oferendas. Os brahmanas devem ser servidos com boas preparações de alimento. Depois disso, todos os outros, incluindo os candalas (a casta mais baixa), pessoas caídas e cachorros devem ser servidos com oferendas apropriadas. As vacas devem ser servidas com grama fresca. Após o Govardhana-puja, todos devem ser adornados com ornamentos, boas vestimentas e ungidos deveriam se sentar para honrar prasada. Por ultimo, todos devem circumbular a montanha de Govardhana com as vacas, brahmanas e o deus do fogo."
Sendo encantando e dominado pelo seu profundo afeto paterno, Nanda Maharaja adorou Giriraj Govardhana e todos os brahmanas apropriadamente com todos os itens coletados para o Indrayag, como era ao desejo de seu querido filho Sri Krishna. Depois disso, enquanto serviam as vacas com grama e palha, Nanda Maharaja executou parikrama de Govardhana com todos os gopas e gopis, com as vacas guiando na frente. Todos os gopas e gopis adornados com belos ornamentos e gopis sentadas em carros-boi executaram o Govardhana parikrama enquanto cantavam constantemente as glórias de Krishna. Para proclamar aos Vrajavasis que Giriraja Govardhana não é diferente de Krishna, Sri Krishna pronunciou as seguintes palavras alto e repetidamente: "Eu sou a montanha Govardhana" e começou a comer todas as oferendas dadas a Govardhana ao estender milhares de mãos. Em Sua outra forma como Gopala, o filho de Nanda Maharaja, Krishna fazia reverencias a Sua própria forma manifesta como Govardhana. O próprio Sri Krishna introduziu a prática de fazer reverencias prostradas a Govardhana, bem como circumbular Govardhana. Aqueles que desprezam Govardhana irão ser mortos por Ele na forma de serpentes, etc.
Devaraja Indra, o imperador dos semideuses, se tornou furioso com os Vrajavasis por parar o Indrayag. Indra oprimiu todos os Vrajavasis por chuvas torrenciais e uma forte chuva de granizo que parecia um cataclismo. Todos os Vrajavasis estavam extremamente aflitos e tomaram abrigo de Sri Krishna. Sri Krishna então lhe protegeu ao levantar Govardhana com Sua mão esquerda. Mais tarde, Devaraja Indra pode entender seu erro e veio a Krishna com a vaca Surabhi. Ele adorou Krishna e orou a Ele para esquecer sua ofensa. Giriraja Govardhana é idêntico a Krishna e Ele também é o maior servo de Krishna. Srila Raghunatha Das Goswami ora a Giriraja Govardhana como se segue:
giri-nrpa! haridasa-shreni-varyeti-nama
mrtam idam uditam sri-radhika-vaktra-candrat
vraja-nava-tilakatve klpta! vedaih sphutam me
nija-nikata-nivasam dehi govardhana tvam
(Sri Govardhana-vasa-prarthana-dashakam, verse 8)
“O Giriraja Govardhana, quando o seu nome nectáreo foi pronunciado pelos lábios de lótus de Srimati Radhika no Srimad Bhagavatam (10.21.18), ‘Hantayam adrir abala hari-dasa-varyah,’ isso é ‘Ó gopis inocentes e sinceras, essa montanha é a mais elevada entre todos os servos de Sri Hari,' então você é consagrada por todos os Vedas como a nova bela tilaka (marca de pasta de sândalo) de Vraja-dhama, eu portanto oro a você para me conceder um lugar de residencia de próximo a você."
O Senhor Supremo Sri Krishna parou a adoração de semideuses e introduziu a adoração de Govardhana, ou seja, Ele introduziu o serviço de Krishna e Krishna-bhaktas. Um dos significados de Govardhana é aumentar os órgãos dos sentidos, portanto Govardhana-puja significa o aumento dos órgãos dos sentidos espirituais eternos de Krishna e Krishna-bhaktas.
Uma vez que uma porção de vários itens de pratos vegetais cozinhados foram oferecidos a Giriraja Govardhana em Govardhana-puja, esse festival também é conhecido como Festival Annakuta. Sri Govardhana-dhari Gopala foi originalmente instalado por Vraja (o neto de Krishna em Giriraja-Govardhana e filho de Aniruddha). Devido a extraordinária devoção pura de Srila Madhavendra Puripada, Govardhana-dhari Gopala reapareceu em Govardhana perto das margens de Govinda-kunda. Madhavendra Puripada, executou o Festival de Annakuta na Kali-yuga. Esse tópico é narrado em detalhes no Chaitanya-caritamrta (Madhya-lila, cap.4).
Retirado do Kartik Handbook (Manual de Kartik) escrito e compilado por Srila Bhaktiballabh Tirtha Maharaj
Tradução: Ramananda Das