terça-feira, 16 de maio de 2017

Desaparecimento de Sri Ramananda Raya


Extraído de “Sri Chaitanya: His Life & Associates” por Srila Bhakti Ballabh Tirtha Maharaj

[Em 2017, o divino desaparecimento de Sri Ramananda Raya é comemorado em 15 de maio.]

Sri Chaitanya Mahaprabhu encontra Sri Ramananda Raya

priya-narma-sakha kashcid arjunah pandavo ‘rjunah
militva samabhud ramananda-rayah prabhoh priyah
ato radha-krishna-bhakti-prema-tattvadikam kriti
ramanando gauracandram pratyavarnayad anvaham
lalitety ahur eke yat tad eke nanumanyante
bhavanandam prati praha gauro yat tvam prithapatih
gopyarjuniyaya sardham ekibhuyapi pandavah
arjuno yad raya-ramananda ity ahur uttamah
arjuniyabhavat turnam arjuno ‘pi ca pandavah
iti padmottara-khande vyaktam eva virajate
tasmad etat trayam ramananda-raya-mahashayah
Há dois Arjunas em Krishna lila: um deles é um priya-narma-sakha em Vraja, o outro é um dos Pandavas. Esses dois combinados se tornam Ramananda Raya, o companheiro querido de Mahaprabhu. Ele possuía muito conhecimento sobre os ensinamentos da devoção amorosa à Radha e Krishna, e os descrevia diariamente a Gaurachandra. Alguns dizem que Ramananda Raya era Lalita Sakhi, mas há quem discorde. O próprio Mahaprabhu disse a Bhavananda Raya que ele foi Pandu, o marido de Kunti e pai dos Pandavas. O Pandava Arjuna também manifesta-se na gopi chamada Arjuniya. Portanto, o mais correto seria dizer que Ramananda Raya é uma combinação dessas três personalidades. Tal prova é encontrada no Padmapurana, onde é declarado que o Pandava Arjuna tornou-se a gopi Arjuniya. (Gaura-ganoddesha-dipika 120-124)
Conforme expresso nesses versos do Gaura-ganoddesha-dipika, algumas pessoas afirmam que Ramananda Raya foi uma encarnação de Lalita. Outros dizem que ele era Vishakha. Em seu comentário do Chaitanya Charitamrita (2.8.23), Srila Bhaktivinoda Thakura escreve, "O mesmo amor que Vishakha nutre por Radha e Krishna em Vraja, e o mesmo que Radha e Krishna nutrem por Vishakha, é despertado neles quando se encontram.” Portanto, é nítido que Srila Bhaktivinoda Thakura via Ramananda Raya como Vishakha.

Ramananda Raya foi um dos três e meio associados mais íntimos do Senhor.
O Senhor aceitou a irmã de Shikhi Mahiti como uma das amigas de Radha. Em todo o mundo, há apenas três pessoas e meia que são assim consideradas. Elas são Svarupa Damodara Goswami, Ramananda Raya e Shikhi Mahiti. Sua irmã representa essa metade. (Chaitanya Charitamrita 3.2.105-6)

Status social de Ramananda

O pai de Ramananda Raya se chamava Bhavananda Raya. Ele nasceu em uma família da casta karana de Orissa, um clã administrativo como os kayasthas. Anteriormente, ele foi o rei Pandu. Ele tinha cinco filhos, sendo Ramananda o seu primogênito. Os seus outros quatro irmãos são Gopinath Pattanayaka, Kalanidhi, Sudhanidhi e Vaninatha Pattanayaka. O senhor afirma no Chaitanya Charitamrita: "Você é o próprio Pandu, e sua esposa é Kunti. Os seus cinco filhos são os cinco Pandavas." (Chaitanya Charitamrita 2.10.53)
Bhavananda Raya fixou residência em Brahmagiri ou Alalanath, cerca de 12 milhas a oeste de Puri. Manohara Raya, um descendente de Ramananda Raya, escreveu sobre a história de sua família. Srila Bhaktisiddhanta Saraswati Goswami Thakura resumiu alguns desses detalhes no seu Anubhashya e conclui: "A sociedade de Orissa considera a comunidade karana como parte da casta shudra. Ramananda Raya nasceu nessa comunidade. No entanto, embora fosse considerado pela sociedade um shudra por nascimento, na verdade, era um brahmane genuíno, como um Vaishnava paramahansa, ele era o mestre espiritual dos brahmanes.”
Pela vontade de Krishna, o próprio Brahma criador apareceu em uma família sem casta a fim de mostrar que nem a família, nem a raça possuem absolutamente nenhuma importância. Mesmo nascendo como um muçulmano, Hari Dasa enriqueceu os passatempos do Senhor Gauranga. Ele nasceu em uma família de baixa casta sob a ordem do Senhor para que pudesse mostrar que a casta e a classe não importam absolutamente nada. Todas as escrituras afirmam que um devoto de Vishnu, mesmo nascendo em uma família humilde, ainda assim é adorado por todos. O que vale alguém nascer em uma casta elevada, mas não adorar Krishna? Ele irá para o inferno, apesar de seu alto nascimento. Hari Dasa nasceu em uma casta baixa para testemunhar essas declarações escriturais. Ele é comparável a Prahlada, que nasceu em família de demônios, ou a Hanuman, que nasceu como um macaco. Apenas superficialmente eles pertencem às castas inferiores. (Chaitanya Bhagavat 1.16.237-240)
Um Vaishnava está além das qualidades da natureza material. Qualquer um que analisar um devoto com base em seu nascimento ou raça está destinado a uma existência infernal.

arcye shiladhir gurushu naramatir vaishnave jatibuddhir
vishnor va vaishnavanam kalimalamathane padatirthe ‘mbubuddhih
shrivishnor namni mantre sakala-kalushahe shabda-samanya-buddhir
vishnau sarveshvareshe tad-itara-samadhir yasya va naraki sah
Aquele que considera a deidade como algo se não uma pedra,
o guru um ser humano comum, ou o Vaishnava como um membro de uma determinada casta ou raça,
que considera a água santa que lavou Vishnu ou os pés de um Vaishnava, e que pode destruir todos os pecados da era de kali, como sendo uma água ordinária,
que considera o nome ou o mantra de Vishnu, que destrói todos os males, igual a qualquer outro som,
ou que considera Vishnu igual a tudo que é diferente dEle,
possui uma natureza infernal.
(Padma-Purana)
De acordo com o Bhajana-nirnaya, Ramananda era discípulo de Raghavendra Puri e discípulo-neto de Madhavendra Puri.
Sarvabhauma conta ao Senhor sobre Ramananda
Raya Ramananda foi governador do rei Pratapudra em Vidyanagara e, posteriormente, um dos seus ministros.
O Senhor recebeu sannyasa no mês de Magh e chegou em Puri durante o mês de Phalguna. Após celebrar o Dola Yatra em Puri, Mahaprabhu liberou Sarvabhauma Bhattacharya no mês de Chaitra. No mês de Vaishakh, ele partiu em peregrinação para o sul da Índia. Embora Mahaprabhu tenha decidido viajar sozinho, Nityananda Prabhu o convenceu a levar um servo, Krishna Dasa, como companheiro de viagem. Durante sua partida, Sarvabhauma Bhattacharya entregou ao Senhor 4 kaupinas e tangas, e pediu a ele que visitasse Ramananda nas margens do Godavari.
Enquanto o Senhor Chaitanya Mahaprabhu partia, Sarvabhauma Bhattacharya disse o seguinte aos seus pés de lótus, “Meu Senhor, atenda a este meu pedido. Na cidade de Vidyanagara, na margem do Godavari, há um oficial do governo chamado Ramananda Raya. Não o negligencie, pensando que ele pertence a uma família shudra engajada em atividades materialistas. Por favor, aceite meu conselho de que você deve conhecê-lo. Se alguém é apto para associar-se com Você, essa pessoa é ele. Nenhum outro devoto se compara a ele no conhecimento dos sentimentos divinos. Ele alcançou os limites mais altos de aprendizagem, além de ser experiente na ciência dos sentimentos devocionais. Se Você conversar com ele, reconhecerá seu caráter elevado. Assim que o vi pela primeira vez, não consegui entender tudo o que ele dizia, e era tudo absolutamente transcendental. Eu debochei dele apenas porque era um Vaishnava. Mas por Sua misericórdia, agora posso compreender a verdade sobre Ramananda Raya. Ao conversar com ele, Você também reconhecerá sua grandeza.”
(Chaitanya Charitamrita 2.7.61-67)
Srila Prabhupada Bhaktisiddhanta Saraswati comenta da seguinte forma (2.7.63): "De acordo com uma visão superficial, Ramananda Raya não era um sannyasa trajando uma tanga. Em um senso comum, os cortesãos engajados nos serviços do governo costumam ser materialistas, mas Ramananda Raya era uma pessoa erudita e, de fato, era um sannyasi, um ser humano aperfeiçoado. Sarvabhauma Bhattacharya já havia sido capaz de reconhecer sua qualidade natural como um Vaishnava, mesmo que ele próprio ainda não o fosse naquela época. Assim que ele aceitou o serviço devocional pela graça do Senhor, ele reconsiderou sua opinião acerca de Ramananda e compreendeu a extensão das sua qualificações, chamando-o de adhikari rasika-bhakta - a autoridade mais altamente qualificada no que diz respeito ao sentimento devocional.”
Sarvabhauma Bhattacharya era a encarnação de Brihaspati e o pandita da corte do rei Prataparudra. Ele era tão erudito que mesmo sendo um chefe de família, ele tinha sannyasis como seus discípulos. No entanto, ele não conseguiu reconhecer Chaitanya Mahaprabhu como sendo o próprio Senhor Supremo, e nem mesmo identificar Ramananda Raya como seu associado mais íntimo. Se até mesmo ele não conseguiu reconhecê-los, o quão difícil seria para os outros? Sem as bênçãos de Sua misericórdia, ninguém é capaz de compreender as glórias do Senhor e dos Seus devotos.
A especulação mental não possui nenhum valor na compreensão da natureza do Senhor Supremo. Sem a misericórdia do Senhor, nenhuma pessoa pode vir a conhecê-lO. Àquele que o Senhor derrama até mesmo uma pequena gota de misericórdia torna-se capaz de compreender Sua natureza.
(Chaitanya Charitamrita 2.6.82-3)
Mahaprabhu encontra Ramananda
Mahaprabhu partiu para o Sul, e abençoou os seus habitantes concedendo-lhes devoção a Krishna. Ele visitou Kurma-sthana, liberou o brahmane também chamado Kurma, e ordenou que todos pregassem sobre o serviço devocional a Krishna. Salvou Vasudeva Vipra e em seguida, passou por Simhacalam, onde dançou diante da deidade de Jiyari Nrisingha. Então, foi até o rio Godavari, onde Ele o viu como sendo o Yamuna, e as florestas em suas margens, como sendo Vrindavana. Com alegria, atravessou o rio e chegou a um local conhecido como Kabhura, onde banhou-se no rio, na esperança de encontrar Ramananda Raya. Após sair da água, sentou-se e esperou por ele.
Ao mesmo tempo, Ramananda Raya passava por ali com um grupo de fanfarra. Tão logo avistou a forma sobrenatural de Mahaprabhu, saiu do seu palanquim e prestou reverências ao Senhor. Embora Mahaprabhu tenha lhe reconhecido, Ele pediu que se identificasse. Ramananda respondeu que não era nada além de um humilde servo shudra. Assim que o Senhor o ouviu falar de uma maneira tão humilde, Ele o abraçou imediatamente. Tanto o Senhor como Seu servo sentiram o surgimento das emoções divinas e ambos experimentaram as oito transformações estáticas de prema. Os brahmanes que acompanhavam Ramananda ficaram perplexos ao presenciarem tal cena. Eles pensaram, "Este sannyasi é tão refulgente quanto um brahmajyoti. Por que Ele chora enquanto abraça este shudra? O governador Ramananda é um erudito e geralmente é bastante sério. Por que ficou tão emocionado ao ser tocado por este sannyasi, como se estivesse intoxicado?
(Chaitanya Charitamrita 2.8.26-7)
Ao notar a presença de outras pessoas, o Senhor controlou Suas emoções e disse a Ramananda que Sarvabhauma Bhattacharya havia pedido para procurá-lo. Humildemente, Ramananda respondeu,
“Esta é a prova da Sua misericórdia a Sarvabhauma Bhattacharya: Você me tocou, um intocável, simplesmente devido ao seu amor por  Você. Veja a diferença entre nós - Você é o Senhor Supremo, o próprio Narayana, e eu, um servo do governo interessado em atividades materialistas. Na verdade, eu sou o mais baixo entre os homens da quarta casta.  Mesmo assim, Você não desdenhou o meu toque, nem mesmo temeu as injunções Védicas que proíbem que alguém até mesmo olhe para um shudra. Sua misericórdia fez Você me tocar, mesmo que essa atividade seja condenada pelas escrituras e pela sociedade. Quem pode entender a Sua intenção? Afinal, você é o próprio Senhor Supremo.
(Chaitanya Charitamrita 2.8.34-7)
Embora os brahmanes nunca tenham demonstrado o menor interesse em bhakti, eles também foram influenciados pela visão do Senhor e começaram a cantar os nomes de Krishna, e suas vozes ficaram trêmulas devido ao êxtase divino. Ramananda Raya disse em voz alta que Mahaprabhu era o Senhor Supremo, tanto em akriti, forma, como em prakriti, ou natureza. O Senhor respondeu imediatamente de forma que mostrou a grandeza do Seu devoto:
"Você é um grande devoto, na verdade, é o melhor entre eles. Todos aqueles que lhe contemplam são imediatamente afetados e seus corações derretem. O que falar de outros - Eu sou um mayavadi sannyasi, e ainda assim eu sinto Krishna prema ao tocá-lo.
(Chaitanya Charitamrita 2.8.44-5)
O Senhor ouve Ramananda
Após Mahaprabhu relatar o Seu desejo de ouvir Krishna-katha dos seus lábios, Ramananda sugeriu que Ele permanecesse por uma semana em sua casa para que sua própria mente perversa fosse pacificada e purificada. Então, os dois partiram separadamente para concluírem seus deveres e retornaram ao mesmo local ao anoitecer. Geralmente, é o devoto quem faz perguntas e o Senhor é quem as responde. Porém, neste caso, os papéis foram invertidos e o Senhor pedia a Ramananda que esclarecesse determinadas verdades espirituais, e o empoderava para respondê-las. Krishnadas Kaviraj Goswami torna isso explícito no verso que abre o oitavo capítulo de Madhya-lila:
sancarya ramabhidha-bhakta-meghe
svabhakti-siddhanta-cayamritani
gaurabdhir etair amuna vitirnais
taj-jnatva-ratnalayatam prayati


Gauranga é como um oceano de verdades espirituais; Ele preencheu a nuvem chamada Ramananda com o néctar das mais puras conclusões da devoção a Ele. Ramananda então choveu esse mesmo néctar no oceano do qual tinha origem, produzindo joias de conhecimento transcendental.
(Chaitanya Charitamrita 2.8.1)
Aquele que não tomou abrigo no Senhor, pode até tentar entender a Verdade Suprema através de meios empíricos, mas não consegue ter nenhum êxito. Na verdade, ficará confuso e não será capaz de compreender as palavras do Senhor.
Mahaprabhu pediu a Ramananda Raya para explicar, com base nas escrituras, a meta final da vida. Ramananda começou a responder explicando que a devoção a Vishnu era o objetivo último da realização humana, ou sadhya. Nesta concepção teísta, ele descreveu o caminho progressivo de diferentes práticas que conduzem a essa meta, começando pela prática de varnashrama dhamara, oferta dos frutos das atividades a Krishna (karmaparna), renúncia dos deveres prescritos (karma-tyaga) e devoção combinada ao conhecimento (jnana-mishra-bhakti), tendo a escritura como base para cada uma delas. No entanto, Mahaprabhu rejeitou todas, dizendo que eram superficiais ou externas, e nenhuma delas eram potenciais meios para obter-se a devoção pura que Ele tinha vindo dar.
Ao começar essa conversa com Ramananda Raya sobre varnashrama dharma, Mahaprabhu mostrou que todas as atividades que ignoram os princípios Védicos ou vão contra ele são completamente rejeitadas. Ao responder a cada uma das sugestões de Ramananda, Mahaprabhu não disse, “Certamente que não!”, ele usava as palavras, eho bahya, “Isso é muito periférico.” A ideia é que deve-se desistir primeiro das atividades que estão fora do escopo do padrão Védico. Após fixar-se nestes princípios, é possível obter progressivamente as qualificações para prosseguir através das diversas etapas descritas por Ramananda. Isso é um fato, muito embora bhakti por si só seja completamente independente e possa se manifestar em um indivíduo através da associação com pessoas santas, mesmo sem ter nenhuma qualificação prévia ou ter passado por essas etapas anteriores.
Assim que Ramananda Raya finalmente respondeu a pergunta de Mahaprabhu dizendo, “O serviço devocional puro sem nenhum toque de conhecimento especulativo (jnana-shunya-bhakti) é o meio para obter a perfeição suprema.”, Ele finalmente aceitou sua conclusão. A partir deste ponto, os ensinamentos de Mahaprabhu realmente começam. As palavras jnana-shunya destinam-se a erradicar completamente qualquer consciência do aspecto impessoal do supremo, e não o tipo de conhecimento das relações (sambandha-jnana) que são favoráveis à realização do serviço devocional puro.
Srila Bhaktivinoda Thakura escreve no Amrita-pravaha-bhashya, "O propósito é que sacrificar os resultados da ação é melhor do que meramente engajar alguém nos deveres prescritos de acordo com o varnashrama dharma; a renúncia das atividades fruitivas é melhor do que simplesmente desistir dos frutos; melhor do que isso é o cultivo do conhecimento combinado ao serviço devocional. No entanto, apesar desta melhoria progressiva na espiritualidade através desses estágios, eles são todos superficiais, pois esses quatro tipos de práticas não possuem o poder de obter devoção pura, ou shuddha bhakti. A devoção conhecida como aropa-siddha, que implica em adicionar uma camada devocional como uma consequência posterior, ou sanga-sidha, que é a devoção através da associação de uma atividade fruitiva com algum ato de devoção, jamais devem ser consideradas serviço devocional puro. O serviço devocional puro é Svarupa-siddha bhakti, ou seja, devocional tanto na forma, como na intenção. É totalmente diferente destas outras atividades, que possuem apenas uma relação superficial com o serviço devocional. As características de shuddha bhakti é que essa atividade é executada exclusivamente para o prazer de Krishna, e é desprovida de qualquer desejo material, e também não é ocultada pela presença de intenções fruitivas ou conhecimento de brahman. Esta consciência representa a meta final da prática espiritual, e apesar de ser praticada por um aspirante a devoto, ela é realizada ao alcançar a perfeição da sua prática" (2.8.68)

Quando Ramananda Raya sugeria algo diferente de seguir os passos dos grandes devotos e ouvir Krishna-Katha dos seus lábios, Mahaprabhu continuava dizendo, “Isso é irrelevante.” Portanto, entende-se que a devoção pura começa a partir do momento em que começamos a ouvir dos lábios de um devoto puro as atividades e ensinamentos do Senhor Krishna. A partir deste ponto, Ramananda Raya descreveu as diversas fases da devoção pura, os humores de neutralidade, servidão, amizade, parental e conjugal. A partir daí, ele passou a descrever o amor de Radha como sendo supremo, bem como as características de Radha e Krishna. Então, Mahaprabhu lhe fez perguntas como, “Qual é a essência da educação?”, “Que tipo de fama é considerada a melhor para a entidade viva?”. Todas essas questões foram extensivamente descritas no oitavo capítulo do Madhya-lila do Chaitanya Charitamrita. A fim de não desviar muito da história da vida de Ramananda, não abordaremos mais esses tópicos aqui.
A percepção de Ramananda da identidade do Senhor
A identidade do Senhor não permanece escondida para aqueles que são Seus devotos. Ramananda reconheceu quem o Senhor era. Ele disse,
"Primeiramente, eu o vi como um sannyasi comum. Agora, vejo que na verdade é um vaqueirinho negro. Eu vejo um boneco dourado parado na sua frente; essa refulgência dourada cobre todo o seu corpo." (Chaitanya Charitamrita 2.8.268-9)
Ao ouvir isso, Mahaprabhu esforçou-se para disfarçar a Sua identidade, e disse que Raya Ramananda era um grande devoto e por isso via Krishna em todos os lugares. No entanto, Ramananda claramente destacou o principal propósito da encarnação do Senhor. Mahaprabhu sentiu-se satisfeito com essa percepção perspicaz e exibiu Sua forma como a combinação de rasa-raja (“o rei dos sentimentos devocionais”) Krishna e a encarnação de maha-bhava (“o humor devocional supremo”), Srimati Radharani. Assim que ele viu essa incrível forma combinada do Senhor, Ramananda Raya caiu no chão inconsciente. Assim que o Senhor o tocou, ele a recuperou.
Eles permaneceram juntos por dez dias, desfrutando de discussões sobre tópicos conscientes de Krishna. Antes de Mahaprabhu prosseguir com a sua peregrinação pelo sul, Ele pediu a Ramananda que abandonasse o seu serviço ao governo e se juntasse a Ele em Puri quando retornasse.
Tão logo Mahaprabhu concluiu sua jornada, encontrou-se com Ramananda nas margens do Godavari. Ele lhe mostrou os dois livros, Krishna-karnamrita e Brahma-samhita, que havia encontrado durante suas viagens, e que fundamentava tudo o que Ramananda Raya havia dito em suas conversas anteriores. Ramananda Raya copiou os dois manuscritos. Antes de retornar para Nilachala, o Senhor permaneceu outra semana ao seu lado, desfrutando do prazer das discussões sobre Krishna. Ramananda não aceitou partir imediatamente com o Senhor porque precisava aguardar a permissão do Rei, e também cuidar de questões pessoais. Porém, prometeu se juntar a Ele tão logo fosse possível.
Ramananda chega a Puri

Após o Senhor chegar em Puri, Ele fixou residência permanente na casa de Kashi Mishra. O rei Prataparudra havia ouvido sobre o Senhor e estava muito ansioso em conhecê-lo. Sarvabhauma Bhattacharya havia lhe garantido que após o Seu retorno da peregrinação ao Sul, ele iria de alguma maneira proporcionar esse darshan. Infelizmente, por mais que Sarvabhauma Bhattacharya tentasse convencer o Senhor, Ele dizia que não iria olhar para um rei. Dessa forma, todas essas tentativas falharam.
Após o rei ouvir que Ramananda desejava retornar para Puri para ficar ao lado de Mahaprabhu, ele ficou muito feliz e lhe concedeu permissão para partir. Ele permitiu-lhe abandonar seus deveres no governo e continuou lhe pagando uma pensão. Dessa forma, Ramananda encontrou-se primeiro com o rei em Cuttack, e posteriormente em Puri, antes de ir até a casa de Kashi Mishra para encontrar-se com o próprio Senhor. Ramananda sabia o quão ansioso o rei estava em encontrar Mahaprabhu, mas ao invés de abordar o assunto diretamente, ele apenas glorificou o rei, dizendo a Mahaprabhu o quanto acreditava nEle, o quão profunda era a sua devoção a Krishna e o quão gentil ele havia sido por liberá-lo dos seus deveres junto ao governo para que pudesse servi-lO diretamente. Ao recontar as virtudes do rei, ele conseguiu derreter a determinação do Senhor.
Entretanto, Nityananda Prabhu havia enviado uma das tangas do Senhor ao rei Prataparudra como consolo. Embora o rei tenha ficado muito alegre, o seu desejo de encontrar o Senhor apenas crescia e por isso pediu a Ramananda que intercedesse e fizesse algum tipo de arranjo. Quando Ramananda finalmente se aproximou diretamente do Senhor, pedindo a ele que fosse compassivo com o rei, o Senhor não conseguiu recusar seu pedido direto. Ele concordou que o rei não era uma pessoa materialista, mas, no entanto, o título de raja era um tipo de contaminação que Ele não conseguia ignorar. Dessa forma, Ele concordou em receber o filho do rei, uma vez que de certa forma, filho e pai são os mesmos.
Mahaprabhu disse, "Suponha-se que há uma grande quantidade de leite em um grande pote, se ele for contaminado com apenas uma gota de álcool, ele passará a ser intocável. O rei certamente possui todas as boas qualidades, mas tudo foi arruinado apenas pela posse do título real. Se você ainda se sente muito desejoso de que o rei me encontre, traga o seu filho no lugar dele. A escritura afirma que o eu de alguém renasce no seu filho, portanto, se o filho vier, será igual a ele ter Me encontrado.” Ramananda Raya informou o rei sobre as suas conversas com o Senhor, e de acordo com o Seu desejo, levou o seu filho para vê-lO. (Chaitanya Charitamrita 2.12.53-7)
Apreciando as representações de Rupa
Rupa Manjari é a seguidora das sakhis Lalita e Vishakha, que não é diferente de Ramananda Raya. Rupa Goswami abordou a questão dessas duas representações, Lalita-madhav e Vidagdha-madhava com Ramananda quando ele pediu para ouvir um verso sobre as representações.
anarpita-carim cirat karunayavatirnah kalau
samarpayitum unnatojjvala-rasam sva-bhakti-shriyam
harih purata-sundara-dyuti-kadamba-sandipitah
sada hridaya-kandare sphuratu vah shacinandanah
O sabor elevado e resplandecente do arrebatamento sagrado
é a riqueza do amor devocional;
O Senhor não entrega isso sempre;
No entanto, sob a sua misericórdia nesta era de desavenças,
para distribuir este tesouro ao mundo,
Ele se manifesta em Sua forma dourada.
O filho de Sachi é como um leão;
Que ele possa viver para sempre na caverna do seu coração.
Ramananda Raya após ouvir esse verso, começou a orar a Rupa Goswami como se tivesse mil línguas. Ele dizia que Rupa só poderia ter escrito um retrato tão preciso de conceitos tão difíceis devido a misericórdia do Senhor.
Pradyumna Mishra encontra Ramananda

A fim de revelar a extensão de seu caráter e identidade transcendentais, Mahaprabhu enviou Pradyumna Mishra, nascido em uma família brahmínica de classe superior, até Ramananda para que fosse instruído, mesmo ele não sendo de tal classe elevada. Pradyumna Mishra nasceu em Sylhet, porém, posteriormente fixou residência em Orissa. Certo dia aproximou-se de Mahaprabhu pedindo-lhe para ouvir um pouco de Hari-katha. Mahaprabhu respondeu com grande humildade que ele não era qualificado para falar sobre as questões elevadas do arrebatamento sagrado, e o enviou até Ramananda Raya.
Naquela época, Ramananda Raya estava nos jardins de Jagannath-vallabha, empenhado em preparar duas jovens deva-dasis para um peça que seria encenada diante do Senhor Jagannatha. Ele as treinava não apenas nas canções que iriam cantar e dançar, mas também as banhava, as vestia e as arrumava. Na primeira vez que Pradyumna Mishra foi se encontrar com Ramananda, um dos seus servos lhe disse que ele estava muito ocupado com esse serviço e pediu a Mishra que sentasse e esperasse do lado de fora. Nenhum dos servos de Ramanda Raya ousaria interrompê-lo enquanto estivesse ocupado com o preparo dessa apresentação que seria encenada diante do Senhor Jagannatha. Somente após o término do ensaio, ele soube que Pradyumna Mishra lá estava para ouvir sobre Krishna.
Ramananda demonstrou ao brahmane o respeito apropriado e implorou perdão pela longa espera. Mishra percebeu que estava tarde demais para atender ao seu desejo e retornou para casa. Alguns dias depois, Mahaprabhu viu Mishra e perguntou a ele como havia sido o encontro com Ramananda e sobre quais tópicos haviam conversado. Pradyumna Mishra contou-lhe tudo o que havia acontecido e disse ao Senhor que algumas dúvidas haviam surgido em sua mente a respeito das atividades de Ramananda. Imediatamente, o Senhor tomou as medidas para extinguir essas dúvidas. De forma enérgica, ele começou a glorificar o caráter extraordinário de Ramananda. Ele disse:
"Eu sou um sannyasa e Me considero um renunciado. Mas se eu ouvir o nome de uma mulher, o que falar se eu ver alguma, sinto efeitos em meu corpo e mente. Então, quem não é afetado pela visão de uma mulher? Todos, ouçam-me. Deixe-me falar sobre Ramananda Raya, ainda que não seja possível descrever apropriadamente tal pessoa tão maravilhosa e incomum. Ele serve pessoalmente o jovem Jagannatha e todas as belas devadasis de todas as formas possíveis. Ele pessoalmente as veste e as banha, e as decora com ornamentos. Ao fazer isso, naturalmente vê e toca as partes íntimas dos seus corpos, mas mesmo assim, sua mente jamais é afetada. Ele ensina essas garotas a expressarem fisicamente todos os humores do amor, para que sejam encenados diante de Jagannatha Deva, mas sua mente e corpo são firmes como uma pedra ou madeira. Na verdade, é incrível o fato de que mesmo ao tocar essas jovens garotas, sua mente não é perturbada. Somente Ramananda tem o direito de fazer tais coisas, e ao vê-lo fazer isso, posso entender que seu corpo não é material, ele foi completamente transformado em uma entidade espiritual." (Chaitanya Charitamrita 2.5.35-42)
Dessa forma, Mahaprabhu revelou os incríveis poderes de Ramananda a Pradyumna Mishra, e através dele, para todo o mundo. Também lhe disse que Ele próprio havia ido até Ramananda ouvir sobre Krishna, e o aconselhou a ir uma segunda vez. Desta vez, Pradyumna conseguiu ouvir Ramananda falar sobre Krishna de forma tão profunda e clara que ele ficou atônito, e de tão admirado que ficou, começou a dançar em êxtase.
Bhaktivinoda Thakura escreve o seguinte comentário sobre o passatempo acima: "Raya Ramananda compôs uma peça que é conhecida como Jagannath-vallabha-nataka . Ela foi encenada no templo de Jagannatha para o prazer do próprio Senhor. As deva-dasis, ou “virgens de Deus”, são garotas que eram oferecidas à deidade como suas esposas e treinadas para se apresentarem apenas para a deidade. Em Orissa, elas são agora chamadas de maharis. Ramananda selecionou duas dessas garotas para encenarem esse drama, ensinando-as como demonstrar adequadamente as emoções das gopis. Uma vez que as duas deva-dasis estavam desempenhando os papéis das chefes das gopis, Ramananda não fazia distinção entre elas e as amantes amadas de Krishna. Ele considerava a si mesmo como sendo o servo delas, e nessa identidade espiritual, envolveu-se no serviço de ensiná-las a dançar e cantar para o Senhor. Devido a Ramananda Raya saber que era uma das servas de Srimati Radharani, ele conseguiu projetar a identidade dessa amante adorável nas duas deva-dasis e dessa forma, conseguiu servi-las da forma mais íntima sem experimentar o distúrbio do desejo sexual mundano." (Amrita-pravaha-bhashya, 3.5.20)

Apesar de ser um chefe de família, Ramananda não estava sob o controle dos seis pecados capitais (luxúria, ira, ganância, ilusão, intoxicação e inveja). Apesar de aparentemente ser uma pessoa materialista, ele era qualificado para instruir aqueles na ordem de vida renunciada. O Senhor desejou revelar essas qualidades de Ramananda, então ele enviou Pradyumna Mishra para ouvi-lo falar sobre Krishna. O Senhor sabe muito bem como tornar públicas as virtudes dos seus devotos. Ele considera que seja para Seu benefício pessoal fazer isso utilizando vários estratagemas. Ó devotos, ouçam atenciosamente outra característica do Senhor: Ele manifesta Sua natureza majestosa, embora ela normalmente permaneça ocultada. Ele espalha os verdeiros princípios religiosos através de um homem shudra humilde a fim de derrotar o falso orgulho daqueles ditos renunciantes e eruditos. Ele pregou sobre o serviço devocional, amor estático e Verdade Absoluta transformando Ramananda Raya, um grihastha nascido em uma família de baixa casta, em um orador, enquanto Ele próprio, um exaltado sannyasi brahmame, e Pradyumna Mishra, um brahmane puro, ouviam e aprendiam através dele. (Chaitanya Charitamrita 3.5.80-85)

Os comentários de Srila Bhaktisiddhanta Saraswati Goswami Thakura para essas palavras do Chaitanya Charitamrita são os seguintes: "Em uma visão materialista, Ramananda Raya é um grihastha no pravritti-marga, comprometido ativamente em uma vida mundana. Claramente, ele não é um brahmachari, vanaprastha ou sannyasi auto-controlado. Um chefe de família materialista está sob o controle dos seus sentidos, e essa é a base do seu envolvimento em atividades mundanas. No entanto, um chefe de família Vaishnava que tenha atingido o estado central, não está de forma alguma nesse mesmo nível, pois ele transcendeu as influências dos seis pecados capitais e permanece distante da influência dos sentidos. Ramananda Raya aceitou o estado de chefe de família como sendo o seu papel nos passatempos de Sri Chaitanya Mahaprabhu. As pessoas ordinárias materialistas olham para ele através do vidro matizado pelo seu próprio desejo de gratificação dos sentidos e o veem como não diferente de si mesmas, mas na verdade, sua mente tornou-se totalmente espiritualizada ao fixar-se no objeto adorável supremo. Ele era um Krishna-vishayi, aquele que busca apenas o prazer dos sentidos de Krishna, e não dele próprio. Ele não era um impersonalista ou um niilista argumentador oposto às atividades transcendentais do senhor. Na verdade, ele tinha o poder de transformar as mentes dos sannyasis que haviam abandonado a gratificação dos sentidos e se tornado absortos no brahman sem qualidades, nem nenhum apreço pelos passatempos e pela forma de Krishna, e assim os afastava dessa concepção fundamentalmente materialista de transcendência, atraindo-os para a prática do serviço devocional através da audição e do canto dos nomes, formas e atividades do Senhor.”
Outras atividades em Puri
Tão logo Vallabha Bhatta chegou a Puri e entrou em contato com Chaitanya Mahaprabhu, o Senhor manteve Suas glórias ocultas porque sabia que ele sentiria orgulho do que aprendesse. Ele preferiu falar a Vallabha Bhatta sobre as qualificações de seus associados. Então, ele disse que Ramananda era especialista em sambandha, ou conhecimento das relações entre Deus, homem e universo, e prayojana-tattva, ou conhecimento da vida no estado de perfeição divina. Além disso, disse que ele era o maior conhecedor do arrebatamentos puros e sagrados de Vrindavana.
Ramananda Raya é a casa do tesouro dos sentimentos divinos. Foi ele quem revelou a Mim que Krishna é a Suprema Personalidade de Deus. Ninguém é capaz de descrever plenamente a extensão da potência espiritual de Ramananda. Através dele, consegui aprender sobre os humores puros dos devotos de Vraja. (Chaitanya Charitamrita 3.7.23, 37)
Ramananda Raya tinha o mesmo tipo de relação com Mahaprabhu de Subala, o amigo de Krishna e seu ajudante em Vraja. (Chaitanya Charitamrita 3.6.9)
Ramananda Raya também estava presente em Nilachala na ocasião do desaparecimento de Hari Dasa Thakura. Mahaprabhu louvou Hari Dasa diante dos devotos liderados por Ramananda e Sarvabhauma Bhattacharya. (3.11.50)
Ramananda nos últimos dias do Senhor

Às vezes, quando o Senhor estava no estado de loucura do êxtase divino, Ele desaparecia, mesmo que houvesse  três portas impedindo a Sua saída. Certa vez, ele foi encontrado próximo ao Lion Gate, com suas articulações afrouxadas, assumindo uma forma distendida gigante. Ele então foi revivido e retornou ao normal cantando em alto som os Santos Nomes. Em outra ocasião, foi encontrado nas dunas de areia que Ele tinha levado durante seu estado de transe para se tornar Govardhana. Novamente precisou ser pacificado por sankirtana e retornou para Sua casa. Nessas ocasiões, Ramananda Raya estava presente ao lado de Svarupa Damodara. Durante as dez transformações de loucura em êxtase do Senhor (divyonmada), Ramananda Raya recitava os versos que se adequavam ao estado emocional do Senhor. Dessa forma, ele proporcionava prazer ao Senhor.
Mahaprabhu permaneceu em Nilachala, passando dias e noites absortos na ansiedade de separação de Krishna. Svarupa e Ramananda estavam sempre com Ele, levando-O ao êxtase através da recitação de canções e versos apropriados ao Seu humor. (Chaitanya Charitamrita 3.20.3-4)
... o Senhor tocou Svarupa Damodara Ramananda Raya nos ombros e disse, Svarupa e Rama Raya! Digam-se o que devo fazer, onde devo ir para encontrar Krishna. Vocês podem me dizer o melhor a ser feito.” Dessa forma, Gauranga contou Sua angústia para Svarupa e Ramananda e eles o consolaram diante do Seu sofrimento. Svarupa cantava e Ramananda recitava versos em sânscrito, proporcionando alegria ao Senhor com versos do Krishna Karnamrita, canções de Vidyapati e Gita-Govinda. (Chaitanya Charitamrita 3.15.24-7)
Ao permanecer na companhia de Svarupa e Ramananda dia e noite, Mahaprabhu apreciava em êxtase as canções de Chandi Das, Vidyapati e Ramananda Raya, bem como o Krishna-Karnamrita e Gita-Govinda. (Chaitanya Charitamrita 2.2.77)
Ramananda Raya executava seu bhajana nos jardins Jagannath-vallabha, um local que também era muito querido por Mahaprabhu. Assim que o Senhor adentrava o jardim, Ele era tomado por sentimentos de amor divino. Certo dia, enquanto o Senhor lá estava, Ele teve uma visão de Krishna embaixo de uma árvore ashoka. Então, de repente, a visão se perdeu, e Mahaprabhu caiu no chão inconsciente.

O parque principal de Puri é o jardim Jagannath-vallabha. O senhor esteve lá com Seus devotos. As árvores e os arbustos floridos remetiam a Vrindavana. Os papagaios, pássaros mynah e cucos cantavam suas canções e as abelhas zumbiam. (Chaitanya Charitamrita 3.19.79-80)
Vagando pelo jardim, Ele foi de árvore em árvore. Ao se aproximar de uma árvore ashoka, Ele de repente avistou Krishna parado ali. O Senhor começou a correr em direção a Ele, mas Krishna riu e desapareceu. O Senhor ficou atordoado: Ele havia encontrado Krishna e depois o perdeu novamente. Ele perdeu a consciência e caiu no chão. (Chaitanya Charitamrita Antya 19.85-87)
Através de Ramananda Raya e Sri Svarupa Damodara Goswami, o Senhor Chaitanya Mahaprabhu alegremente anunciou ao mundo que Harinama-sankirtana é a melhor forma de obter o amor de Deus nesta era de desavenças.
O Senhor, em uma onda de júbilo diz, “Ouçam Svarupa Damodara e Ramananda Raya! Na era de Kali, Harinama-sankirtana é o meio supremo de liberação. Nesta era, Krishna é adorado pelo canto congregacional dos Santos Nomes. É dessa maneira que uma pessoa inteligente alcança os pés de lótus de Krishna. Através do cantar dos Santos Nomes, todas as reações pecaminosas de uma pessoa são extintas e toda a auspiciosidade surge, até que finalmente experimenta-se as alegrias do amor por Krishna." (Chaitanya Charitamrita 3.20.8-11)
Há duas opiniões sobre o dia do desaparecimento de Ramananda Raya: alguns dizem ter sido em Jyestha Krishna-pancami, outros em Vaishakhi Krishna-pancami.
Tradução: Madhukari Radhika devi dasi
Fonte: BVML

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