quinta-feira, 24 de julho de 2014

As Glórias de Lokanatha Dasa Gosvami

Srila Lokanatha Goswami
Lokanatha Gosvami constantemente viajava por toda Vraja, extaticamente visitando os diversos lugares sagrados onde Krisna havia executado Seus passatempos. Uma vez, ele chegou a Khadiravana. Em seguida, ele visitou Kishori Kunda perto da aldeia de Umarao por Chatravana. Ele ficou tão impressionado com a beleza do local que ficou lá por algum tempo isolado para fazer o seu bhajana. Após ter se engajado dessa maneira por algum tempo, ele desenvolveu um profundo desejo de adorar Radha e Krisna na forma de uma Deidade.
O Senhor conhece os desejos de seus devotos e sente-se obrigado a realizá-los. Ele veio pessoalmente para dar a Lokanatha uma deidade, dizendo-lhe que se chamava Radha Vinoda, e depois desapareceu. Lokanatha ficou maravilhado ao ver a Deidade e repleto de ansiedade com o pensamento de que o próprio Senhor tinha ido e vindo. Mas Radha Vinoda lançou Seu doce olhar a Lokanatha e disse-lhe: "Eu moro aqui, nas margens do Kishori Kunda, na aldeia de Umarao. Eu testemunhei a sua ansiedade de servir-me e então eu pessoalmente me manifestei aqui. Quem mais teria me trazido a você? Estou com muita fome. Rápido, prepare algo para eu comer. "
Quando ouviu essas palavras, as lágrimas começaram a fluir dos olhos de Lokanatha. Ele rapidamente começou a cozinhar para Radha Vinoda e, em seguida, fez sua oferenda, que a Deidade comeu com grande satisfação! Ele, então, preparou-lhe uma cama de flores sobre a qual O colocou, abanou-O com ramos e alegremente massageava seus pés. Lokanatha dedicou-se de corpo, mente e alma à Radha Vinoda.
Ele se questionava onde ele manteria a Deidade, e decidiu fazer um grande sacola, que se tornou o templo de Radha Vinoda. Ele mantinha seu Senhor adorável constantemente perto de seu coração, como se fosse um colar. Isso atraia o povo de Vraja para Lokanatha, e eles queriam construir uma casa para ele e sua deidade, mas ele recusou. Ele era tão renunciado que não aceitava nada além do que era absolutamente necessário para o serviço da Deidade.


Narottama Das torna-se discípulo de Lokanatha.
Depois de passar algum tempo no Kishori Kunda, Lokanatha veio a Vrindavana. Ele soube que Rupa e Sanatana tinham encerrado Seus passatempos neste mundo e lamentou tal falecimento em profunda tristeza. Por volta desse período, Narottama Das, que era o filho do Raja Krishnananda Datta de Gopalpura em Rajsahi (agora em Bangla Desh), chegou em Vrindavana e o encontrou lá. Quando Mahaprabhu disse a Nityananda para ir para Puri, ele chorou em êxtase, e isso ocorreu em um local às margens do rio Padmavati que agora é conhecido como Prematila. Mahaprabhu enterrou Seu amor neste local para benefício futuro de Narottama. Tempos depois, quando Narottama tomava Seu banho naquele ponto do rio, ele foi imediatamente esmagado com amor divino e decidiu cortar todos os laços familiares e ir para Vrindavana.
Após Sua chegada em Vraja, Narottama encontrou Rupa, Sanatana e Lokanatha. Ele recebeu a misericórdia especial de Lokanatha, vindo a tornar-se Seu único discípulo. Lokanatha era extremamente renunciado e tinha feito um voto de não receber quaisquer discípulos. Narottama Das também fez um voto: não receberia iniciação de ninguém além de Lokanatha. Narottama pediu repetidamente a Lokanatha para dar-lhe iniciação, mas Lokanatha era firme em sua recusa. A fim de ganhar seu favor, Narottama veio no meio da noite para limpar o lugar que ele usava como banheiro. Lokanatha estava tão surpreso ao ver que o local estava sendo limpo, que ficou curioso para saber quem o fazia. Certa noite, ele se escondeu lá, cantando japa por toda a noite, à espera do benfeitor anônimo.
À meia-noite, ele percebeu que havia alguém envolvido na limpeza do local e perguntou-lhe quem era. Quando ele descobriu que Narottama, o filho de um rajá, estava empenhado em desempenhar uma tarefa "sujinha", ele se sentiu envergonhado e perguntou qual era o seu propósito em fazê-lo. Narottama imediatamente começou a chorar. Ele caiu aos pés de Lokanātha e disse: "Minha vida é inútil, a menos que eu obtenha a tua misericórdia." Quando Lokanatha viu a humildade e profunda dor de Narottama, sua determinação em nunca dar qualquer iniciação foi amaciada, e ele então deu-lhe os mantras.
Este é um exemplo perfeito de como se pode conquistar a Deidade adorável através de um serviço honesto e desinteressado. Narottama Das recebeu iniciação de Lokanatha no dia da lua cheia do mês de Shravan. Lokanatha e Narottama desempenharam este passatempo para mostrar o valor do serviço desinteressado e sincero para o mundo inteiro, mas especialmente para o povo do norte de Bengala. Lokanatha era um Vaisnava muito renunciado, mas ele viu em Narotama alguém que não só tinha um fundo de cultura, mas um entusiasmo e gosto em lidar com pessoas. Como resultado, ele pediu-lhe para voltar para sua terra natal para pregar a consciência de Krisna.
Quando alguém se refugia por completo no Senhor Supremo e está situado na plataforma transcendental do serviço pleno ao Senhor, então em geral, ele não tem entusiasmo para se engajar em atividades para o bem-estar das pessoas na plataforma corpórea. Quando um devoto vai contra este princípio, tais atividades aumentam em prestígio. Por ordem de seu mestre espiritual, Narottama retornou ao norte de Bengala e começou a pregar o serviço devocional puro e assim libertou o povo desse país. Em sua coleção de canções conhecidas como Prarthana, Narottama Das Thakura escreveu:
Depois de padecer intensa tristeza, ó Senhor, você me trouxe para Vraja, puxando-me pela corda de misericórdia que Você amarrou em volta do meu pescoço. Maya e o destino me forçaram a voltar para ao poço da existência material, afrouxando a corda da misericórdia.
Lokanatha Goswami deixou este mundo em algum lugar por volta de 1510 Shaka (1588-9 AD), no mês de Asharh, no oitavo dia da lua escura. Seu samadhi encontra-se no Templo de Radha Gokulananda, em Vrindavan. Sua Deidade Radha Vinoda também está sendo servida neste mesmo templo.


Sri Caitanya: Sua Vida e Associados, Srila Bhakti Ballabh Tirtha Maharaj.

Tradução: Indumati Dasi

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