[Em 2017, o divino desaparecimento de Sri Ramananda Raya é comemorado em 15 de maio.]
priya-narma-sakha kashcid arjunah pandavo ‘rjunah
militva samabhud ramananda-rayah prabhoh priyah
ato radha-krishna-bhakti-prema-tattvadikam kriti
ramanando gauracandram pratyavarnayad anvaham
lalitety ahur eke yat tad eke nanumanyante
bhavanandam prati praha gauro yat tvam prithapatih
gopyarjuniyaya sardham ekibhuyapi pandavah
arjuno yad raya-ramananda ity ahur uttamah
arjuniyabhavat turnam arjuno ‘pi ca pandavah
iti padmottara-khande vyaktam eva virajate
tasmad etat trayam ramananda-raya-mahashayah
militva samabhud ramananda-rayah prabhoh priyah
ato radha-krishna-bhakti-prema-tattvadikam kriti
ramanando gauracandram pratyavarnayad anvaham
lalitety ahur eke yat tad eke nanumanyante
bhavanandam prati praha gauro yat tvam prithapatih
gopyarjuniyaya sardham ekibhuyapi pandavah
arjuno yad raya-ramananda ity ahur uttamah
arjuniyabhavat turnam arjuno ‘pi ca pandavah
iti padmottara-khande vyaktam eva virajate
tasmad etat trayam ramananda-raya-mahashayah
Há
dois Arjunas em Krishna lila: um deles é um priya-narma-sakha em Vraja,
o outro é um dos Pandavas. Esses dois combinados se tornam Ramananda
Raya, o companheiro querido de Mahaprabhu. Ele possuía muito
conhecimento sobre os ensinamentos da devoção amorosa à Radha e Krishna,
e os descrevia diariamente a Gaurachandra. Alguns dizem que Ramananda
Raya era Lalita Sakhi, mas há quem discorde. O próprio Mahaprabhu disse a
Bhavananda Raya que ele foi Pandu, o marido de Kunti e pai dos
Pandavas. O Pandava Arjuna também manifesta-se na gopi chamada Arjuniya.
Portanto, o mais correto seria dizer que Ramananda Raya é uma
combinação dessas três personalidades. Tal prova é encontrada no
Padmapurana, onde é declarado que o Pandava Arjuna tornou-se a gopi
Arjuniya. (Gaura-ganoddesha-dipika 120-124)
Conforme
expresso nesses versos do Gaura-ganoddesha-dipika, algumas pessoas
afirmam que Ramananda Raya foi uma encarnação de Lalita. Outros dizem
que ele era Vishakha. Em seu comentário do Chaitanya Charitamrita
(2.8.23), Srila Bhaktivinoda Thakura escreve, "O mesmo amor que Vishakha
nutre por Radha e Krishna em Vraja, e o mesmo que Radha e Krishna
nutrem por Vishakha, é despertado neles quando se encontram.” Portanto, é
nítido que Srila Bhaktivinoda Thakura via Ramananda Raya como Vishakha.
Ramananda Raya foi um dos três e meio associados mais íntimos do Senhor.
Ramananda Raya foi um dos três e meio associados mais íntimos do Senhor.
O
Senhor aceitou a irmã de Shikhi Mahiti como uma das amigas de Radha. Em
todo o mundo, há apenas três pessoas e meia que são assim consideradas.
Elas são Svarupa Damodara Goswami, Ramananda Raya e Shikhi Mahiti. Sua
irmã representa essa metade. (Chaitanya Charitamrita 3.2.105-6)
Status social de Ramananda
O
pai de Ramananda Raya se chamava Bhavananda Raya. Ele nasceu em uma
família da casta karana de Orissa, um clã administrativo como os
kayasthas. Anteriormente, ele foi o rei Pandu. Ele tinha cinco filhos,
sendo Ramananda o seu primogênito. Os seus outros quatro irmãos são
Gopinath Pattanayaka, Kalanidhi, Sudhanidhi e Vaninatha Pattanayaka. O
senhor afirma no Chaitanya Charitamrita: "Você é o próprio Pandu, e sua
esposa é Kunti. Os seus cinco filhos são os cinco Pandavas." (Chaitanya
Charitamrita 2.10.53)
Bhavananda
Raya fixou residência em Brahmagiri ou Alalanath, cerca de 12 milhas a
oeste de Puri. Manohara Raya, um descendente de Ramananda Raya, escreveu
sobre a história de sua família. Srila Bhaktisiddhanta Saraswati
Goswami Thakura resumiu alguns desses detalhes no seu Anubhashya e
conclui: "A sociedade de Orissa considera a comunidade karana como parte
da casta shudra. Ramananda Raya nasceu nessa comunidade. No entanto,
embora fosse considerado pela sociedade um shudra por nascimento, na
verdade, era um brahmane genuíno, como um Vaishnava paramahansa, ele era
o mestre espiritual dos brahmanes.”
Pela
vontade de Krishna, o próprio Brahma criador apareceu em uma família
sem casta a fim de mostrar que nem a família, nem a raça possuem
absolutamente nenhuma importância. Mesmo nascendo como um muçulmano,
Hari Dasa enriqueceu os passatempos do Senhor Gauranga. Ele nasceu em
uma família de baixa casta sob a ordem do Senhor para que pudesse
mostrar que a casta e a classe não importam absolutamente nada. Todas as
escrituras afirmam que um devoto de Vishnu, mesmo nascendo em uma
família humilde, ainda assim é adorado por todos. O que vale alguém
nascer em uma casta elevada, mas não adorar Krishna? Ele irá para o
inferno, apesar de seu alto nascimento. Hari Dasa nasceu em uma casta
baixa para testemunhar essas declarações escriturais. Ele é comparável a
Prahlada, que nasceu em família de demônios, ou a Hanuman, que nasceu
como um macaco. Apenas superficialmente eles pertencem às castas
inferiores. (Chaitanya Bhagavat 1.16.237-240)
Um
Vaishnava está além das qualidades da natureza material. Qualquer um
que analisar um devoto com base em seu nascimento ou raça está destinado
a uma existência infernal.
arcye shiladhir gurushu naramatir vaishnave jatibuddhir
vishnor va vaishnavanam kalimalamathane padatirthe ‘mbubuddhih
shrivishnor namni mantre sakala-kalushahe shabda-samanya-buddhir
vishnau sarveshvareshe tad-itara-samadhir yasya va naraki sah
Aquele que considera a deidade como algo se não uma pedra,
o guru um ser humano comum, ou o Vaishnava como um membro de uma determinada casta ou raça,
que considera a água santa que lavou Vishnu ou os pés de um Vaishnava, e que pode destruir todos os pecados da era de kali, como sendo uma água ordinária,
que considera o nome ou o mantra de Vishnu, que destrói todos os males, igual a qualquer outro som,
ou que considera Vishnu igual a tudo que é diferente dEle,
possui uma natureza infernal.
(Padma-Purana)
o guru um ser humano comum, ou o Vaishnava como um membro de uma determinada casta ou raça,
que considera a água santa que lavou Vishnu ou os pés de um Vaishnava, e que pode destruir todos os pecados da era de kali, como sendo uma água ordinária,
que considera o nome ou o mantra de Vishnu, que destrói todos os males, igual a qualquer outro som,
ou que considera Vishnu igual a tudo que é diferente dEle,
possui uma natureza infernal.
(Padma-Purana)
De acordo com o Bhajana-nirnaya, Ramananda era discípulo de Raghavendra Puri e discípulo-neto de Madhavendra Puri.
Sarvabhauma conta ao Senhor sobre Ramananda
Raya Ramananda foi governador do rei Pratapudra em Vidyanagara e, posteriormente, um dos seus ministros.
O
Senhor recebeu sannyasa no mês de Magh e chegou em Puri durante o mês
de Phalguna. Após celebrar o Dola Yatra em Puri, Mahaprabhu liberou
Sarvabhauma Bhattacharya no mês de Chaitra. No mês de Vaishakh, ele
partiu em peregrinação para o sul da Índia. Embora Mahaprabhu tenha
decidido viajar sozinho, Nityananda Prabhu o convenceu a levar um servo,
Krishna Dasa, como companheiro de viagem. Durante sua partida,
Sarvabhauma Bhattacharya entregou ao Senhor 4 kaupinas e tangas, e pediu
a ele que visitasse Ramananda nas margens do Godavari.
Enquanto
o Senhor Chaitanya Mahaprabhu partia, Sarvabhauma Bhattacharya disse o
seguinte aos seus pés de lótus, “Meu Senhor, atenda a este meu pedido.
Na cidade de Vidyanagara, na margem do Godavari, há um oficial do
governo chamado Ramananda Raya. Não o negligencie, pensando que ele
pertence a uma família shudra engajada em atividades materialistas. Por
favor, aceite meu conselho de que você deve conhecê-lo. Se alguém é apto
para associar-se com Você, essa pessoa é ele. Nenhum outro devoto se
compara a ele no conhecimento dos sentimentos divinos. Ele alcançou os
limites mais altos de aprendizagem, além de ser experiente na ciência
dos sentimentos devocionais. Se Você conversar com ele, reconhecerá seu
caráter elevado. Assim que o vi pela primeira vez, não consegui entender
tudo o que ele dizia, e era tudo absolutamente transcendental. Eu
debochei dele apenas porque era um Vaishnava. Mas por Sua misericórdia,
agora posso compreender a verdade sobre Ramananda Raya. Ao conversar com
ele, Você também reconhecerá sua grandeza.”
(Chaitanya Charitamrita 2.7.61-67)
(Chaitanya Charitamrita 2.7.61-67)
Srila
Prabhupada Bhaktisiddhanta Saraswati comenta da seguinte forma
(2.7.63): "De acordo com uma visão superficial, Ramananda Raya não era
um sannyasa trajando uma tanga. Em um senso comum, os cortesãos
engajados nos serviços do governo costumam ser materialistas, mas
Ramananda Raya era uma pessoa erudita e, de fato, era um sannyasi, um
ser humano aperfeiçoado. Sarvabhauma Bhattacharya já havia sido capaz de
reconhecer sua qualidade natural como um Vaishnava, mesmo que ele
próprio ainda não o fosse naquela época. Assim que ele aceitou o serviço
devocional pela graça do Senhor, ele reconsiderou sua opinião acerca de
Ramananda e compreendeu a extensão das sua qualificações, chamando-o de
adhikari rasika-bhakta - a autoridade mais altamente qualificada no que
diz respeito ao sentimento devocional.”
Sarvabhauma
Bhattacharya era a encarnação de Brihaspati e o pandita da corte do rei
Prataparudra. Ele era tão erudito que mesmo sendo um chefe de família,
ele tinha sannyasis como seus discípulos. No entanto, ele não conseguiu
reconhecer Chaitanya Mahaprabhu como sendo o próprio Senhor Supremo, e
nem mesmo identificar Ramananda Raya como seu associado mais íntimo. Se
até mesmo ele não conseguiu reconhecê-los, o quão difícil seria para os
outros? Sem as bênçãos de Sua misericórdia, ninguém é capaz de
compreender as glórias do Senhor e dos Seus devotos.
A
especulação mental não possui nenhum valor na compreensão da natureza
do Senhor Supremo. Sem a misericórdia do Senhor, nenhuma pessoa pode vir
a conhecê-lO. Àquele que o Senhor derrama até mesmo uma pequena gota de
misericórdia torna-se capaz de compreender Sua natureza.
(Chaitanya Charitamrita 2.6.82-3)
(Chaitanya Charitamrita 2.6.82-3)
Mahaprabhu encontra Ramananda
Mahaprabhu partiu para o Sul, e abençoou os seus habitantes concedendo-lhes devoção a Krishna. Ele visitou Kurma-sthana,
liberou o brahmane também chamado Kurma, e ordenou que todos pregassem
sobre o serviço devocional a Krishna. Salvou Vasudeva Vipra e em
seguida, passou por Simhacalam, onde dançou diante da deidade de Jiyari
Nrisingha. Então, foi até o rio Godavari, onde Ele o viu como sendo o
Yamuna, e as florestas em suas margens, como sendo Vrindavana. Com
alegria, atravessou o rio e chegou a um local conhecido como Kabhura,
onde banhou-se no rio, na esperança de encontrar Ramananda Raya. Após
sair da água, sentou-se e esperou por ele.
Ao
mesmo tempo, Ramananda Raya passava por ali com um grupo de fanfarra.
Tão logo avistou a forma sobrenatural de Mahaprabhu, saiu do seu
palanquim e prestou reverências ao Senhor. Embora Mahaprabhu tenha lhe
reconhecido, Ele pediu que se identificasse. Ramananda respondeu que não
era nada além de um humilde servo shudra. Assim que o Senhor o ouviu
falar de uma maneira tão humilde, Ele o abraçou imediatamente. Tanto o
Senhor como Seu servo sentiram o surgimento das emoções divinas e ambos
experimentaram as oito transformações estáticas de prema. Os brahmanes
que acompanhavam Ramananda ficaram perplexos ao presenciarem tal cena.
Eles pensaram, "Este sannyasi é tão refulgente quanto um brahmajyoti.
Por que Ele chora enquanto abraça este shudra? O governador Ramananda é
um erudito e geralmente é bastante sério. Por que ficou tão emocionado
ao ser tocado por este sannyasi, como se estivesse intoxicado?
(Chaitanya Charitamrita 2.8.26-7)
(Chaitanya Charitamrita 2.8.26-7)
Ao
notar a presença de outras pessoas, o Senhor controlou Suas emoções e
disse a Ramananda que Sarvabhauma Bhattacharya havia pedido para
procurá-lo. Humildemente, Ramananda respondeu,
“Esta
é a prova da Sua misericórdia a Sarvabhauma Bhattacharya: Você me
tocou, um intocável, simplesmente devido ao seu amor por Você. Veja a
diferença entre nós - Você é o Senhor Supremo, o próprio Narayana, e eu,
um servo do governo interessado em atividades materialistas. Na
verdade, eu sou o mais baixo entre os homens da quarta casta. Mesmo
assim, Você não desdenhou o meu toque, nem mesmo temeu as injunções
Védicas que proíbem que alguém até mesmo olhe para um shudra. Sua
misericórdia fez Você me tocar, mesmo que essa atividade seja condenada
pelas escrituras e pela sociedade. Quem pode entender a Sua intenção?
Afinal, você é o próprio Senhor Supremo.
(Chaitanya Charitamrita 2.8.34-7)
(Chaitanya Charitamrita 2.8.34-7)
Embora
os brahmanes nunca tenham demonstrado o menor interesse em bhakti, eles
também foram influenciados pela visão do Senhor e começaram a cantar os
nomes de Krishna, e suas vozes ficaram trêmulas devido ao êxtase
divino. Ramananda Raya disse em voz alta que Mahaprabhu era o Senhor
Supremo, tanto em akriti, forma, como em prakriti, ou natureza. O Senhor
respondeu imediatamente de forma que mostrou a grandeza do Seu devoto:
"Você
é um grande devoto, na verdade, é o melhor entre eles. Todos aqueles
que lhe contemplam são imediatamente afetados e seus corações derretem. O
que falar de outros - Eu sou um mayavadi sannyasi, e ainda assim eu
sinto Krishna prema ao tocá-lo.
(Chaitanya Charitamrita 2.8.44-5)
(Chaitanya Charitamrita 2.8.44-5)
O Senhor ouve Ramananda
Após
Mahaprabhu relatar o Seu desejo de ouvir Krishna-katha dos seus lábios,
Ramananda sugeriu que Ele permanecesse por uma semana em sua casa para
que sua própria mente perversa fosse pacificada e purificada. Então, os
dois partiram separadamente para concluírem seus deveres e retornaram ao
mesmo local ao anoitecer. Geralmente, é o devoto quem faz perguntas e o
Senhor é quem as responde. Porém, neste caso, os papéis foram
invertidos e o Senhor pedia a Ramananda que esclarecesse determinadas
verdades espirituais, e o empoderava para respondê-las. Krishnadas
Kaviraj Goswami torna isso explícito no verso que abre o oitavo capítulo
de Madhya-lila:
sancarya ramabhidha-bhakta-meghesvabhakti-siddhanta-cayamritani
gaurabdhir etair amuna vitirnais
taj-jnatva-ratnalayatam prayati
Gauranga
é como um oceano de verdades espirituais; Ele preencheu a nuvem chamada
Ramananda com o néctar das mais puras conclusões da devoção a Ele.
Ramananda então choveu esse mesmo néctar no oceano do qual tinha origem,
produzindo joias de conhecimento transcendental.
(Chaitanya Charitamrita 2.8.1)
(Chaitanya Charitamrita 2.8.1)
Aquele que não tomou abrigo no Senhor, pode até tentar entender a Verdade Suprema através de meios empíricos, mas não consegue ter nenhum êxito. Na verdade, ficará confuso e não será capaz de compreender as palavras do Senhor.
Mahaprabhu
pediu a Ramananda Raya para explicar, com base nas escrituras, a meta
final da vida. Ramananda começou a responder explicando que a devoção a
Vishnu era o objetivo último da realização humana, ou sadhya. Nesta
concepção teísta, ele descreveu o caminho progressivo de diferentes
práticas que conduzem a essa meta, começando pela prática de varnashrama
dhamara, oferta dos frutos das atividades a Krishna (karmaparna),
renúncia dos deveres prescritos (karma-tyaga) e devoção combinada ao
conhecimento (jnana-mishra-bhakti), tendo a escritura como base para
cada uma delas. No entanto, Mahaprabhu rejeitou todas, dizendo que eram
superficiais ou externas, e nenhuma delas eram potenciais meios para
obter-se a devoção pura que Ele tinha vindo dar.
Ao
começar essa conversa com Ramananda Raya sobre varnashrama dharma,
Mahaprabhu mostrou que todas as atividades que ignoram os princípios
Védicos ou vão contra ele são completamente rejeitadas. Ao responder a
cada uma das sugestões de Ramananda, Mahaprabhu não disse, “Certamente
que não!”, ele usava as palavras, eho bahya, “Isso é muito periférico.” A
ideia é que deve-se desistir primeiro das atividades que estão fora do
escopo do padrão Védico. Após fixar-se nestes princípios, é possível
obter progressivamente as qualificações para prosseguir através das
diversas etapas descritas por Ramananda. Isso é um fato, muito embora
bhakti por si só seja completamente independente e possa se manifestar
em um indivíduo através da associação com pessoas santas, mesmo sem ter
nenhuma qualificação prévia ou ter passado por essas etapas anteriores.
Assim
que Ramananda Raya finalmente respondeu a pergunta de Mahaprabhu
dizendo, “O serviço devocional puro sem nenhum toque de conhecimento
especulativo (jnana-shunya-bhakti) é o meio para obter a perfeição
suprema.”, Ele finalmente aceitou sua conclusão. A partir deste ponto,
os ensinamentos de Mahaprabhu realmente começam. As palavras
jnana-shunya destinam-se a erradicar completamente qualquer consciência
do aspecto impessoal do supremo, e não o tipo de conhecimento das
relações (sambandha-jnana) que são favoráveis à realização do serviço
devocional puro.
Srila
Bhaktivinoda Thakura escreve no Amrita-pravaha-bhashya, "O propósito é
que sacrificar os resultados da ação é melhor do que meramente engajar
alguém nos deveres prescritos de acordo com o varnashrama dharma; a
renúncia das atividades fruitivas é melhor do que simplesmente desistir
dos frutos; melhor do que isso é o cultivo do conhecimento combinado ao
serviço devocional. No entanto, apesar desta melhoria progressiva na
espiritualidade através desses estágios, eles são todos superficiais,
pois esses quatro tipos de práticas não possuem o poder de obter devoção
pura, ou shuddha bhakti. A devoção conhecida como aropa-siddha, que
implica em adicionar uma camada devocional como uma consequência
posterior, ou sanga-sidha, que é a devoção através da associação de uma
atividade fruitiva com algum ato de devoção, jamais devem ser
consideradas serviço devocional puro. O serviço devocional puro é
Svarupa-siddha bhakti, ou seja, devocional tanto na forma, como na
intenção. É totalmente diferente destas outras atividades, que possuem
apenas uma relação superficial com o serviço devocional. As
características de shuddha bhakti é que essa atividade é executada
exclusivamente para o prazer de Krishna, e é desprovida de qualquer
desejo material, e também não é ocultada pela presença de intenções
fruitivas ou conhecimento de brahman. Esta consciência representa a meta
final da prática espiritual, e apesar de ser praticada por um aspirante
a devoto, ela é realizada ao alcançar a perfeição da sua prática"
(2.8.68)
Quando Ramananda Raya sugeria algo diferente de seguir os passos dos grandes devotos e ouvir Krishna-Katha dos seus lábios, Mahaprabhu continuava dizendo, “Isso é irrelevante.” Portanto, entende-se que a devoção pura começa a partir do momento em que começamos a ouvir dos lábios de um devoto puro as atividades e ensinamentos do Senhor Krishna. A partir deste ponto, Ramananda Raya descreveu as diversas fases da devoção pura, os humores de neutralidade, servidão, amizade, parental e conjugal. A partir daí, ele passou a descrever o amor de Radha como sendo supremo, bem como as características de Radha e Krishna. Então, Mahaprabhu lhe fez perguntas como, “Qual é a essência da educação?”, “Que tipo de fama é considerada a melhor para a entidade viva?”. Todas essas questões foram extensivamente descritas no oitavo capítulo do Madhya-lila do Chaitanya Charitamrita. A fim de não desviar muito da história da vida de Ramananda, não abordaremos mais esses tópicos aqui.
A percepção de Ramananda da identidade do Senhor
A
identidade do Senhor não permanece escondida para aqueles que são Seus
devotos. Ramananda reconheceu quem o Senhor era. Ele disse,
"Primeiramente,
eu o vi como um sannyasi comum. Agora, vejo que na verdade é um
vaqueirinho negro. Eu vejo um boneco dourado parado na sua frente; essa
refulgência dourada cobre todo o seu corpo." (Chaitanya Charitamrita
2.8.268-9)
Ao
ouvir isso, Mahaprabhu esforçou-se para disfarçar a Sua identidade, e
disse que Raya Ramananda era um grande devoto e por isso via Krishna em
todos os lugares. No entanto, Ramananda claramente destacou o principal
propósito da encarnação do Senhor. Mahaprabhu sentiu-se satisfeito com
essa percepção perspicaz e exibiu Sua forma como a combinação de
rasa-raja (“o rei dos sentimentos devocionais”) Krishna e a encarnação
de maha-bhava (“o humor devocional supremo”), Srimati Radharani. Assim
que ele viu essa incrível forma combinada do Senhor, Ramananda Raya caiu
no chão inconsciente. Assim que o Senhor o tocou, ele a recuperou.
Eles
permaneceram juntos por dez dias, desfrutando de discussões sobre
tópicos conscientes de Krishna. Antes de Mahaprabhu prosseguir com a sua
peregrinação pelo sul, Ele pediu a Ramananda que abandonasse o seu
serviço ao governo e se juntasse a Ele em Puri quando retornasse.
Tão
logo Mahaprabhu concluiu sua jornada, encontrou-se com Ramananda nas
margens do Godavari. Ele lhe mostrou os dois livros, Krishna-karnamrita e
Brahma-samhita, que havia encontrado durante suas viagens, e que
fundamentava tudo o que Ramananda Raya havia dito em suas conversas
anteriores. Ramananda Raya copiou os dois manuscritos. Antes de retornar
para Nilachala, o Senhor permaneceu outra semana ao seu lado,
desfrutando do prazer das discussões sobre Krishna. Ramananda não
aceitou partir imediatamente com o Senhor porque precisava aguardar a
permissão do Rei, e também cuidar de questões pessoais. Porém, prometeu
se juntar a Ele tão logo fosse possível.
Ramananda chega a Puri
Após o Senhor chegar em Puri, Ele fixou residência permanente na casa de Kashi Mishra. O rei Prataparudra havia ouvido sobre o Senhor e estava muito ansioso em conhecê-lo. Sarvabhauma Bhattacharya havia lhe garantido que após o Seu retorno da peregrinação ao Sul, ele iria de alguma maneira proporcionar esse darshan. Infelizmente, por mais que Sarvabhauma Bhattacharya tentasse convencer o Senhor, Ele dizia que não iria olhar para um rei. Dessa forma, todas essas tentativas falharam.
Após o Senhor chegar em Puri, Ele fixou residência permanente na casa de Kashi Mishra. O rei Prataparudra havia ouvido sobre o Senhor e estava muito ansioso em conhecê-lo. Sarvabhauma Bhattacharya havia lhe garantido que após o Seu retorno da peregrinação ao Sul, ele iria de alguma maneira proporcionar esse darshan. Infelizmente, por mais que Sarvabhauma Bhattacharya tentasse convencer o Senhor, Ele dizia que não iria olhar para um rei. Dessa forma, todas essas tentativas falharam.
Após
o rei ouvir que Ramananda desejava retornar para Puri para ficar ao
lado de Mahaprabhu, ele ficou muito feliz e lhe concedeu permissão para
partir. Ele permitiu-lhe abandonar seus deveres no governo e continuou
lhe pagando uma pensão. Dessa forma, Ramananda encontrou-se primeiro com
o rei em Cuttack, e posteriormente em Puri, antes de ir até a casa de
Kashi Mishra para encontrar-se com o próprio Senhor. Ramananda sabia o
quão ansioso o rei estava em encontrar Mahaprabhu, mas ao invés de
abordar o assunto diretamente, ele apenas glorificou o rei, dizendo a
Mahaprabhu o quanto acreditava nEle, o quão profunda era a sua devoção a
Krishna e o quão gentil ele havia sido por liberá-lo dos seus deveres
junto ao governo para que pudesse servi-lO diretamente. Ao recontar as
virtudes do rei, ele conseguiu derreter a determinação do Senhor.
Entretanto,
Nityananda Prabhu havia enviado uma das tangas do Senhor ao rei
Prataparudra como consolo. Embora o rei tenha ficado muito alegre, o seu
desejo de encontrar o Senhor apenas crescia e por isso pediu a
Ramananda que intercedesse e fizesse algum tipo de arranjo. Quando
Ramananda finalmente se aproximou diretamente do Senhor, pedindo a ele
que fosse compassivo com o rei, o Senhor não conseguiu recusar seu
pedido direto. Ele concordou que o rei não era uma pessoa materialista,
mas, no entanto, o título de raja era um tipo de contaminação que Ele
não conseguia ignorar. Dessa forma, Ele concordou em receber o filho do
rei, uma vez que de certa forma, filho e pai são os mesmos.
Mahaprabhu
disse, "Suponha-se que há uma grande quantidade de leite em um grande
pote, se ele for contaminado com apenas uma gota de álcool, ele passará a
ser intocável. O rei certamente possui todas as boas qualidades, mas
tudo foi arruinado apenas pela posse do título real. Se você ainda se
sente muito desejoso de que o rei me encontre, traga o seu filho no
lugar dele. A escritura afirma que o eu de alguém renasce no seu filho,
portanto, se o filho vier, será igual a ele ter Me encontrado.”
Ramananda Raya informou o rei sobre as suas conversas com o Senhor, e de
acordo com o Seu desejo, levou o seu filho para vê-lO. (Chaitanya
Charitamrita 2.12.53-7)
Apreciando as representações de Rupa
Rupa
Manjari é a seguidora das sakhis Lalita e Vishakha, que não é diferente
de Ramananda Raya. Rupa Goswami abordou a questão dessas duas
representações, Lalita-madhav e Vidagdha-madhava com Ramananda quando
ele pediu para ouvir um verso sobre as representações.
anarpita-carim cirat karunayavatirnah kalau
samarpayitum unnatojjvala-rasam sva-bhakti-shriyam
harih purata-sundara-dyuti-kadamba-sandipitah
sada hridaya-kandare sphuratu vah shacinandanah
samarpayitum unnatojjvala-rasam sva-bhakti-shriyam
harih purata-sundara-dyuti-kadamba-sandipitah
sada hridaya-kandare sphuratu vah shacinandanah
O sabor elevado e resplandecente do arrebatamento sagrado
é a riqueza do amor devocional;
O Senhor não entrega isso sempre;
No entanto, sob a sua misericórdia nesta era de desavenças,
para distribuir este tesouro ao mundo,
Ele se manifesta em Sua forma dourada.
O filho de Sachi é como um leão;
Que ele possa viver para sempre na caverna do seu coração.
é a riqueza do amor devocional;
O Senhor não entrega isso sempre;
No entanto, sob a sua misericórdia nesta era de desavenças,
para distribuir este tesouro ao mundo,
Ele se manifesta em Sua forma dourada.
O filho de Sachi é como um leão;
Que ele possa viver para sempre na caverna do seu coração.
Ramananda
Raya após ouvir esse verso, começou a orar a Rupa Goswami como se
tivesse mil línguas. Ele dizia que Rupa só poderia ter escrito um
retrato tão preciso de conceitos tão difíceis devido a misericórdia do
Senhor.
Pradyumna Mishra encontra Ramananda
A fim de revelar a extensão de seu caráter e identidade transcendentais, Mahaprabhu enviou Pradyumna Mishra, nascido em uma família brahmínica de classe superior, até Ramananda para que fosse instruído, mesmo ele não sendo de tal classe elevada. Pradyumna Mishra nasceu em Sylhet, porém, posteriormente fixou residência em Orissa. Certo dia aproximou-se de Mahaprabhu pedindo-lhe para ouvir um pouco de Hari-katha. Mahaprabhu respondeu com grande humildade que ele não era qualificado para falar sobre as questões elevadas do arrebatamento sagrado, e o enviou até Ramananda Raya.
A fim de revelar a extensão de seu caráter e identidade transcendentais, Mahaprabhu enviou Pradyumna Mishra, nascido em uma família brahmínica de classe superior, até Ramananda para que fosse instruído, mesmo ele não sendo de tal classe elevada. Pradyumna Mishra nasceu em Sylhet, porém, posteriormente fixou residência em Orissa. Certo dia aproximou-se de Mahaprabhu pedindo-lhe para ouvir um pouco de Hari-katha. Mahaprabhu respondeu com grande humildade que ele não era qualificado para falar sobre as questões elevadas do arrebatamento sagrado, e o enviou até Ramananda Raya.
Naquela
época, Ramananda Raya estava nos jardins de Jagannath-vallabha,
empenhado em preparar duas jovens deva-dasis para um peça que seria
encenada diante do Senhor Jagannatha. Ele as treinava não apenas nas
canções que iriam cantar e dançar, mas também as banhava, as vestia e as
arrumava. Na primeira vez que Pradyumna Mishra foi se encontrar com
Ramananda, um dos seus servos lhe disse que ele estava muito ocupado com
esse serviço e pediu a Mishra que sentasse e esperasse do lado de fora.
Nenhum dos servos de Ramanda Raya ousaria interrompê-lo enquanto
estivesse ocupado com o preparo dessa apresentação que seria encenada
diante do Senhor Jagannatha. Somente após o término do ensaio, ele soube
que Pradyumna Mishra lá estava para ouvir sobre Krishna.
Ramananda
demonstrou ao brahmane o respeito apropriado e implorou perdão pela
longa espera. Mishra percebeu que estava tarde demais para atender ao
seu desejo e retornou para casa. Alguns dias depois, Mahaprabhu viu
Mishra e perguntou a ele como havia sido o encontro com Ramananda e
sobre quais tópicos haviam conversado. Pradyumna Mishra contou-lhe tudo o
que havia acontecido e disse ao Senhor que algumas dúvidas haviam
surgido em sua mente a respeito das atividades de Ramananda.
Imediatamente, o Senhor tomou as medidas para extinguir essas dúvidas.
De forma enérgica, ele começou a glorificar o caráter extraordinário de
Ramananda. Ele disse:
"Eu
sou um sannyasa e Me considero um renunciado. Mas se eu ouvir o nome de
uma mulher, o que falar se eu ver alguma, sinto efeitos em meu corpo e
mente. Então, quem não é afetado pela visão de uma mulher? Todos,
ouçam-me. Deixe-me falar sobre Ramananda Raya, ainda que não seja
possível descrever apropriadamente tal pessoa tão maravilhosa e incomum.
Ele serve pessoalmente o jovem Jagannatha e todas as belas devadasis de
todas as formas possíveis. Ele pessoalmente as veste e as banha, e as
decora com ornamentos. Ao fazer isso, naturalmente vê e toca as partes
íntimas dos seus corpos, mas mesmo assim, sua mente jamais é afetada.
Ele ensina essas garotas a expressarem fisicamente todos os humores do
amor, para que sejam encenados diante de Jagannatha Deva, mas sua mente e
corpo são firmes como uma pedra ou madeira. Na verdade, é incrível o
fato de que mesmo ao tocar essas jovens garotas, sua mente não é
perturbada. Somente Ramananda tem o direito de fazer tais coisas, e ao
vê-lo fazer isso, posso entender que seu corpo não é material, ele foi
completamente transformado em uma entidade espiritual." (Chaitanya
Charitamrita 2.5.35-42)
Dessa
forma, Mahaprabhu revelou os incríveis poderes de Ramananda a Pradyumna
Mishra, e através dele, para todo o mundo. Também lhe disse que Ele
próprio havia ido até Ramananda ouvir sobre Krishna, e o aconselhou a ir
uma segunda vez. Desta vez, Pradyumna conseguiu ouvir Ramananda falar
sobre Krishna de forma tão profunda e clara que ele ficou atônito, e de
tão admirado que ficou, começou a dançar em êxtase.
Bhaktivinoda
Thakura escreve o seguinte comentário sobre o passatempo acima: "Raya
Ramananda compôs uma peça que é conhecida como Jagannath-vallabha-nataka
. Ela foi encenada no templo de Jagannatha para o prazer do próprio
Senhor. As deva-dasis, ou “virgens de Deus”, são garotas que eram
oferecidas à deidade como suas esposas e treinadas para se apresentarem
apenas para a deidade. Em Orissa, elas são agora chamadas de maharis.
Ramananda selecionou duas dessas garotas para encenarem esse drama,
ensinando-as como demonstrar adequadamente as emoções das gopis. Uma vez
que as duas deva-dasis estavam desempenhando os papéis das chefes das
gopis, Ramananda não fazia distinção entre elas e as amantes amadas de
Krishna. Ele considerava a si mesmo como sendo o servo delas, e nessa
identidade espiritual, envolveu-se no serviço de ensiná-las a dançar e
cantar para o Senhor. Devido a Ramananda Raya saber que era uma das
servas de Srimati Radharani, ele conseguiu projetar a identidade dessa
amante adorável nas duas deva-dasis e dessa forma, conseguiu servi-las
da forma mais íntima sem experimentar o distúrbio do desejo sexual
mundano." (Amrita-pravaha-bhashya, 3.5.20)
Apesar de ser um chefe de família, Ramananda não estava sob o controle dos seis pecados capitais (luxúria, ira, ganância, ilusão, intoxicação e inveja). Apesar de aparentemente ser uma pessoa materialista, ele era qualificado para instruir aqueles na ordem de vida renunciada. O Senhor desejou revelar essas qualidades de Ramananda, então ele enviou Pradyumna Mishra para ouvi-lo falar sobre Krishna. O Senhor sabe muito bem como tornar públicas as virtudes dos seus devotos. Ele considera que seja para Seu benefício pessoal fazer isso utilizando vários estratagemas. Ó devotos, ouçam atenciosamente outra característica do Senhor: Ele manifesta Sua natureza majestosa, embora ela normalmente permaneça ocultada. Ele espalha os verdeiros princípios religiosos através de um homem shudra humilde a fim de derrotar o falso orgulho daqueles ditos renunciantes e eruditos. Ele pregou sobre o serviço devocional, amor estático e Verdade Absoluta transformando Ramananda Raya, um grihastha nascido em uma família de baixa casta, em um orador, enquanto Ele próprio, um exaltado sannyasi brahmame, e Pradyumna Mishra, um brahmane puro, ouviam e aprendiam através dele. (Chaitanya Charitamrita 3.5.80-85)
Apesar de ser um chefe de família, Ramananda não estava sob o controle dos seis pecados capitais (luxúria, ira, ganância, ilusão, intoxicação e inveja). Apesar de aparentemente ser uma pessoa materialista, ele era qualificado para instruir aqueles na ordem de vida renunciada. O Senhor desejou revelar essas qualidades de Ramananda, então ele enviou Pradyumna Mishra para ouvi-lo falar sobre Krishna. O Senhor sabe muito bem como tornar públicas as virtudes dos seus devotos. Ele considera que seja para Seu benefício pessoal fazer isso utilizando vários estratagemas. Ó devotos, ouçam atenciosamente outra característica do Senhor: Ele manifesta Sua natureza majestosa, embora ela normalmente permaneça ocultada. Ele espalha os verdeiros princípios religiosos através de um homem shudra humilde a fim de derrotar o falso orgulho daqueles ditos renunciantes e eruditos. Ele pregou sobre o serviço devocional, amor estático e Verdade Absoluta transformando Ramananda Raya, um grihastha nascido em uma família de baixa casta, em um orador, enquanto Ele próprio, um exaltado sannyasi brahmame, e Pradyumna Mishra, um brahmane puro, ouviam e aprendiam através dele. (Chaitanya Charitamrita 3.5.80-85)
Os
comentários de Srila Bhaktisiddhanta Saraswati Goswami Thakura para
essas palavras do Chaitanya Charitamrita são os seguintes: "Em uma visão
materialista, Ramananda Raya é um grihastha no pravritti-marga,
comprometido ativamente em uma vida mundana. Claramente, ele não é um
brahmachari, vanaprastha ou sannyasi auto-controlado. Um chefe de
família materialista está sob o controle dos seus sentidos, e essa é a
base do seu envolvimento em atividades mundanas. No entanto, um chefe de
família Vaishnava que tenha atingido o estado central, não está de
forma alguma nesse mesmo nível, pois ele transcendeu as influências dos
seis pecados capitais e permanece distante da influência dos sentidos.
Ramananda Raya aceitou o estado de chefe de família como sendo o seu
papel nos passatempos de Sri Chaitanya Mahaprabhu. As pessoas ordinárias
materialistas olham para ele através do vidro matizado pelo seu próprio
desejo de gratificação dos sentidos e o veem como não diferente de si
mesmas, mas na verdade, sua mente tornou-se totalmente espiritualizada
ao fixar-se no objeto adorável supremo. Ele era um Krishna-vishayi,
aquele que busca apenas o prazer dos sentidos de Krishna, e não dele
próprio. Ele não era um impersonalista ou um niilista argumentador
oposto às atividades transcendentais do senhor. Na verdade, ele tinha o
poder de transformar as mentes dos sannyasis que haviam abandonado a
gratificação dos sentidos e se tornado absortos no brahman sem
qualidades, nem nenhum apreço pelos passatempos e pela forma de Krishna,
e assim os afastava dessa concepção fundamentalmente materialista de
transcendência, atraindo-os para a prática do serviço devocional através
da audição e do canto dos nomes, formas e atividades do Senhor.”
Outras atividades em Puri
Tão
logo Vallabha Bhatta chegou a Puri e entrou em contato com Chaitanya
Mahaprabhu, o Senhor manteve Suas glórias ocultas porque sabia que ele
sentiria orgulho do que aprendesse. Ele preferiu falar a Vallabha Bhatta
sobre as qualificações de seus associados. Então, ele disse que
Ramananda era especialista em sambandha, ou conhecimento das relações
entre Deus, homem e universo, e prayojana-tattva, ou conhecimento da
vida no estado de perfeição divina. Além disso, disse que ele era o
maior conhecedor do arrebatamentos puros e sagrados de Vrindavana.
Ramananda
Raya é a casa do tesouro dos sentimentos divinos. Foi ele quem revelou a
Mim que Krishna é a Suprema Personalidade de Deus. Ninguém é capaz de
descrever plenamente a extensão da potência espiritual de Ramananda.
Através dele, consegui aprender sobre os humores puros dos devotos de
Vraja. (Chaitanya Charitamrita 3.7.23, 37)
Ramananda
Raya tinha o mesmo tipo de relação com Mahaprabhu de Subala, o amigo de
Krishna e seu ajudante em Vraja. (Chaitanya Charitamrita 3.6.9)
Ramananda
Raya também estava presente em Nilachala na ocasião do desaparecimento
de Hari Dasa Thakura. Mahaprabhu louvou Hari Dasa diante dos devotos
liderados por Ramananda e Sarvabhauma Bhattacharya. (3.11.50)
Ramananda nos últimos dias do Senhor
Às vezes, quando o Senhor estava no estado de loucura do êxtase divino, Ele desaparecia, mesmo que houvesse três portas impedindo a Sua saída. Certa vez, ele foi encontrado próximo ao Lion Gate, com suas articulações afrouxadas, assumindo uma forma distendida gigante. Ele então foi revivido e retornou ao normal cantando em alto som os Santos Nomes. Em outra ocasião, foi encontrado nas dunas de areia que Ele tinha levado durante seu estado de transe para se tornar Govardhana. Novamente precisou ser pacificado por sankirtana e retornou para Sua casa. Nessas ocasiões, Ramananda Raya estava presente ao lado de Svarupa Damodara. Durante as dez transformações de loucura em êxtase do Senhor (divyonmada), Ramananda Raya recitava os versos que se adequavam ao estado emocional do Senhor. Dessa forma, ele proporcionava prazer ao Senhor.
Às vezes, quando o Senhor estava no estado de loucura do êxtase divino, Ele desaparecia, mesmo que houvesse três portas impedindo a Sua saída. Certa vez, ele foi encontrado próximo ao Lion Gate, com suas articulações afrouxadas, assumindo uma forma distendida gigante. Ele então foi revivido e retornou ao normal cantando em alto som os Santos Nomes. Em outra ocasião, foi encontrado nas dunas de areia que Ele tinha levado durante seu estado de transe para se tornar Govardhana. Novamente precisou ser pacificado por sankirtana e retornou para Sua casa. Nessas ocasiões, Ramananda Raya estava presente ao lado de Svarupa Damodara. Durante as dez transformações de loucura em êxtase do Senhor (divyonmada), Ramananda Raya recitava os versos que se adequavam ao estado emocional do Senhor. Dessa forma, ele proporcionava prazer ao Senhor.
Mahaprabhu
permaneceu em Nilachala, passando dias e noites absortos na ansiedade
de separação de Krishna. Svarupa e Ramananda estavam sempre com Ele,
levando-O ao êxtase através da recitação de canções e versos apropriados
ao Seu humor. (Chaitanya Charitamrita 3.20.3-4)
...
o Senhor tocou Svarupa Damodara Ramananda Raya nos ombros e disse,
Svarupa e Rama Raya! Digam-se o que devo fazer, onde devo ir para
encontrar Krishna. Vocês podem me dizer o melhor a ser feito.” Dessa
forma, Gauranga contou Sua angústia para Svarupa e Ramananda e eles o
consolaram diante do Seu sofrimento. Svarupa cantava e Ramananda
recitava versos em sânscrito, proporcionando alegria ao Senhor com
versos do Krishna Karnamrita, canções de Vidyapati e Gita-Govinda.
(Chaitanya Charitamrita 3.15.24-7)
Ao
permanecer na companhia de Svarupa e Ramananda dia e noite, Mahaprabhu
apreciava em êxtase as canções de Chandi Das, Vidyapati e Ramananda
Raya, bem como o Krishna-Karnamrita e Gita-Govinda. (Chaitanya
Charitamrita 2.2.77)
Ramananda
Raya executava seu bhajana nos jardins Jagannath-vallabha, um local que
também era muito querido por Mahaprabhu. Assim que o Senhor adentrava o
jardim, Ele era tomado por sentimentos de amor divino. Certo dia,
enquanto o Senhor lá estava, Ele teve uma visão de Krishna embaixo de
uma árvore ashoka. Então, de repente, a visão se perdeu, e Mahaprabhu
caiu no chão inconsciente.
O parque principal de Puri é o jardim Jagannath-vallabha. O senhor esteve lá com Seus devotos. As árvores e os arbustos floridos remetiam a Vrindavana. Os papagaios, pássaros mynah e cucos cantavam suas canções e as abelhas zumbiam. (Chaitanya Charitamrita 3.19.79-80)
O parque principal de Puri é o jardim Jagannath-vallabha. O senhor esteve lá com Seus devotos. As árvores e os arbustos floridos remetiam a Vrindavana. Os papagaios, pássaros mynah e cucos cantavam suas canções e as abelhas zumbiam. (Chaitanya Charitamrita 3.19.79-80)
Vagando
pelo jardim, Ele foi de árvore em árvore. Ao se aproximar de uma árvore
ashoka, Ele de repente avistou Krishna parado ali. O Senhor começou a
correr em direção a Ele, mas Krishna riu e desapareceu. O Senhor ficou
atordoado: Ele havia encontrado Krishna e depois o perdeu novamente. Ele
perdeu a consciência e caiu no chão. (Chaitanya Charitamrita Antya
19.85-87)
Através
de Ramananda Raya e Sri Svarupa Damodara Goswami, o Senhor Chaitanya
Mahaprabhu alegremente anunciou ao mundo que Harinama-sankirtana é a
melhor forma de obter o amor de Deus nesta era de desavenças.
O
Senhor, em uma onda de júbilo diz, “Ouçam Svarupa Damodara e Ramananda
Raya! Na era de Kali, Harinama-sankirtana é o meio supremo de liberação.
Nesta era, Krishna é adorado pelo canto congregacional dos Santos
Nomes. É dessa maneira que uma pessoa inteligente alcança os pés de
lótus de Krishna. Através do cantar dos Santos Nomes, todas as reações
pecaminosas de uma pessoa são extintas e toda a auspiciosidade surge,
até que finalmente experimenta-se as alegrias do amor por Krishna."
(Chaitanya Charitamrita 3.20.8-11)
Há
duas opiniões sobre o dia do desaparecimento de Ramananda Raya: alguns
dizem ter sido em Jyestha Krishna-pancami, outros em Vaishakhi
Krishna-pancami.
Tradução: Madhukari Radhika devi dasi
Fonte: BVML
Fonte: BVML